Ensinar história requer dedicação do professor caso este tenha como objetivo mais que apenas memorização dos fatos históricos. A história não é simplesmente um relato de fatos que ocorreram, tão pouco um elogio de figuras ilustres. Erroneamente a história narra o discurso dos vencedores dos conflitos, das revoluções, das mudanças políticas, mas pouco se fala sobre os conflitos populares, sobre os fatos que levaram acontecimentos mal sucedidos.
A história não pode estar atrelada apenas a elogiar figuras ilustres apenas para nomeação de ruas, escolas... A história não foi construída apenas por nomes conhecidos como Pedro Alvarez Cabral, Tiradentes, muitas pessoas assim como nós fazemos parte dessa história, portanto faz-se necessário ir mais alem para que a história seja um campo de debate, um espaço de conflitos.
O modo como vamos tratar os fatos históricos é que pode alterar o significado de conteúdo.
Ex. Descobrimento do Brasil, a vinda da família real para o Brasil e os Jesuítas.
Após ensinar através dessa metodologia, com simples narração que mostra o lado explicito com datas, nomes e dados o aluno se torna apto para responder a um questionário. Nós professores podemos estar ensinando para que o aluno saiba responder a uma série de perguntas, mas podemos ensiná-las a compreender a historia e a importância das relações históricas desse país.
Pode-se também inseri-las, para que percebam que também fazem parte da história, porque as histórias individuais são parte das histórias coletivas.
Ex: Pedro Alvarez Cabral chegou ao Brasil em busca de especiarias, mas essa terra não estava vazia, ela era habitada pelos índios. Eles buscavam apenas especiarias e riqueza pessoal, queriam apenas explorar o Brasil. A família real não veio ao Brasil, ela fugiu para o Brasil por causa de Napoleão. A educação dos Jesuítas não pode ser vista apenas como um ato de fé e amor para pôr fim ao analfabetismo no Brasil. Havia muitos outros interesses por trás disso.
Somos seres históricos feitos de tempo
Somos seres históricos, já que nossas ações e pensamentos mudam no tempo, à medida que enfrentamos os problemas não só da vida pessoal, mas como também da experiência coletiva. É assim que produzimos a nós mesmos e a cultura a que pertencemos.
- Cada geração assimila a herança cultural dos antepassados;
- O passado não está morto, porque nele se fundam as raízes do presente;
- Somos o resultado do devir humano, portanto não nos compreendemos fora da prática social, porque esta, por sua vez , se encontra mergulhada em um contexto histórico-social concreto.
- Com a História da Educação construímos interpretações sobre as maneiras pelas quais os povos transmitem sua cultura e criam as instituições escolares e as teorias que as orientam;
- Se somos seres históricos, nada escapa à dimensão do tempo. Portanto o professor deve fazer com que o aluno perceba que faz parte da história.
E como fazer essa problematização?
O professor é o elemento central desse trabalho. É muito mais complicado que apenas pegar os textos prontos e fazer o básico, mas, se você quer ser o professor que marca a vida de um aluno positivamente, que incentiva seu senso critico, ou até mesmo a construção da sua personalidade e identidade. Acredite, o professor têm esse poder. Um dos caminhos que pode ser seguindo é a utilização de documentos e fontes históricas. Os documentos são portadores de significados não elucidados que necessitam de tratamento, problematização e significado do professor e dos alunos em situação de aprendizagem para possibilitar a reconstrução do nosso passado.
E o que os PCN´s nos dizem?
Segundo os PCN´s o professor deve fazer o aluno questionar e dialogar com os textos. Mas só esses textos seriam o suficiente para fazer o aluno questionar e dialogar? É preferível saber em que contexto histórico os fatos foram produzidos e quais os episódios e os sujeitos históricos que foram privilegiados.
EXISTIRIA A POSSIBILIDADE DE PRIVILEGIAR OUTROS FATOS?
Como o tempo está organizado? Linearmente? Como está organizado o seu ponto de vista como professor? Qual a influencia das fontes na maneira como tratamos a história?
| FONTES PRIMÁRIAS |
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FONTES MATERIAIS | FONTES ESCRITAS | FONTES VISUAIS | FONTES ORAIS | |
Exemplos
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Exemplos
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Exemplos
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Exemplos
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Monumentos |
Documentos |
Pinturas |
Discursos | |
Vestimentas da época |
Cartas |
Caricaturas | Acervos de audio | |
Estradas de ferro | Diários |
Gravuras | Depoimentos | |
Mapas | |
*Objetos que podem ser manuseados | Registros |
Fotografias |
*Atualmente esses arquivos de audio podem ser convertidos em mp3, phodecaster e compartilhados. | |
*Antigamente alguns registros eram feitos pelos “escribas”. | |
Filmes | |
*Iconografias | |
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Tabela 01: fontes históricas Autor: Valdineia Barreto
Na pratica como podemos ensinar os alunos a compreender a historia e a importância das relações históricas?
A utilização de processos simples de conhecimento da realidade na qual o aluno está inserido: observar, questionar, descrever, formular questões e problemas, avançar em possíveis respostas, confirmar. A distinção das fontes de informação com diferentes linguagens: orais, escritas, iconográficas, monumentais, virtuais. A utilização de fontes diversas em torno de conceitos essenciais para a compreensão social e histórica.
QUANDO O ALUNO JÁ É ALFABETIZADO:
- Pedir que este conte sua história através de uma redação.
- Pedir que escreva um diário.
QUANDO A CRIANÇA AINDA "NÃO" FOI ALFABETIZADA
- Pedir que narre sua história oralmente.
- Pedir que as tragam algum objeto que represente a sua família, ou a história da família...
- Para que façam recortes e colagens de objetos ou de coisas que retratem alguma história ou experiência.
- Pedir que pintem, desenhem fatos históricos.
DA TEORIA PARA A PRÁTICA
Podem ser feitas:
- Analises de filmes: existem filmes que retratam a época e apresentam fatos históricos confiáveis baseados em pesquisas. Normalmente pode-se ver a face oculta da história com fidelidade aos fatos, aos figurinos. Exemplo de filme: “Em nome de Deus”.
- Leitura e interpretação de figuras, fotos, livros, cartazes: pedir que os alunos façam analise, digam o que vêem, para explorar seu senso de interpretação e muito mais.
- Exposições e mostras; pode ser feita através da confecção de maquetes, reprodução de fatos, pinturas históricas etc...
- Confecções de diários e narrativas: pede-se ao aluno que registre suas ações, que diga o que se sente, para que narre um dia, uma semana ou mais da sua vida para que o aluno desenvolva sua capacidade de narrar acontecimentos e até a refletir neles. Outra coisa importante é que dessa maneira o professor conhece a realidade do aluno. O professor não deve ignorar a realidade do aluno, nem sua perspectiva.
- Aulas-visita. É feita através de visitas a museus. (Em Rondônia não é possível, pois o estado não possui museu, porém isso pode ser feito através de aula-visita na Estrada de Ferro Madeira Mamoré para uma aula de historia regional).
(Resumo da aula de Metodologia do Ensino da Historia, ministrada pelo professor ¹Adriano Lopes Saraiva no curso de Pedagogia da Faculdade Metropolitana-UNNESA de Porto Velho, Rondônia, Brasil)
¹Twitter: @adsaraiva