Por Valdineia Barreto
Como o profissional da educação se vê? Muitos responderão se veem como professor, como educador, mas poucos como avaliador. A avaliação muitas vezes representa um fardo pesado e solitário para o professor. Elaborar provas escritas, revisar os conteúdos, selecionar apenas o que será aplicado na prova, aplicar e corrigir, lançar notas, trata-se um grupo de ações que exigem atenção e causa muito desgaste ao professor.
Existem diversas formas de avaliação, destacarei dois tipos que caminham em uma linha tênue, a avaliação normativa, que consiste no sentido de ser normal, uma prova para todos, passado no mesmo local e no mesmo momento. A avaliação comparativa avalia o desempenho de alguns alunos comparados a outros alunos.
Avaliar é a tarefa mais difícil senão impossível se levar em consideração o quesito justiça. Se o professor beneficia um aluno, acaba prejudicando o outro. Durante a semana de avaliação ou dias que antecede ela envolve toda uma questão que incita uma grande tensão não só para o professor que tem em mãos essa tarefa tão difícil, quanto para o aluno, que se sente pressionado pelos professores, pelos pais, preocupa-se com a sua imagem, leva o aluno a grau de desespero e baixo estima.
Diante de toda essa pressão a avaliação não é encarada pelo aluno como um teste dos conhecimentos, ele estuda apenas para obter nota, a isso dá o nome de avaliação quantitativa, no sentido de apenas requerer um acúmulo de notas que somadas darão ao aluno o que ele necessita para passar de ano: a média.
Cada aluno pensa de um jeito, aprende de um jeito, como podem ser avaliados do mesmo jeito? É complicado fazer consideração sobre isso, afinal existem muitas dualidades eternas que sempre estão se renovando ano a ano no sistema de ensino brasileiro.
O aluno apenas estuda para passar na prova, ele passa um tempo estudando e acaba decorando. Se o professor passa o capítulo 10 de um livro como assunto para a prova, alguns alunos podem estudá-lo e decorar e tirar nota 10, mas existem muitas perguntas em aberto:
E se ele colou?
E se ele apenas decorou?
Isso sim começa a desencadear umas das múltiplas falhas no sistema de ensino, o aluno que tirou 10 é um aluno excelente, mas excelente no que? Excelente no capítulo 10? E o resto do livro? E suas opiniões sobre as ideias do autor? E o que foi ensinado no decorrer do semestre, ele aprendeu? E nas outras disciplinas?
Deixo essas questões para todos possamos refletir sobre esses pontos importantes e que não devem ser ignorados pelos professores, tão pouco pelos alunos que muitas vezes não imaginam o quanto o professor está cansado, o professor não é uma máquina de ensino, e o aluno não é um depósito de informações, nem tábua rasa a ser preenchida de conhecimentos que não serão úteis na sua vida.
Inspirada na aula de Avaliação da professora Sheila Ximenes fundamentada nas ideias de Philippe Perrenoud.
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