Introdução
Eu não escolhi a educação a distância,
foi a educação a distância, que me escolheu. Acredito que essa é a forma certa
de iniciar a abordagem da minha experiência na área da Educação a distância.
Eu sou formada em Licenciatura plena
em Pedagogia, me formei em agosto, de 2014 e não poderia ter escolhido
profissão melhor, pois acredito na educação transformadora, pois me considero
alguém que a educação transformou, a Pedagogia mudou em basicamente tudo em
mim, hoje sou uma pessoa mais flexível, aprendi a respeitar a cultura da
sociedade em que vivo, aprendi a valorizar a diversidade, a pluralidade de
ideias e principalmente a ser mais humana.
Assim, sendo esse memorial tem a
função de descrever a minha relação com a EAD, com curso Profuncionário, a
tutoria e o conhecimento obtido.
Esse memorial analisa o contexto
histórico-social, a organização curricular, a estrutura didático-pedagógica e
metodológica, além de contextualizar a minha experiência como tutora a
distância do curso Profuncionário e o desenvolvimento das minhas atividades
junto a formação técnica dos funcionários da educação no Curso Infraestrutura
escolar.
Com base nesse ponto de vista, esse
memorial problematiza: Como o curso de formação de tutores pode contribuir para
a melhoria da qualidade do atendimento aos funcionários da escola em formação
no Profuncionário?
Esse memorial é muito relevante, visto
que pode estabelecer a importante relação entre a teoria e a prática de como a
formação dos funcionários da escola e minhas atividades como tutora se
configuram, assim sendo, espero que o meu aproveitamento no Programa e no Curso
de formação de tutores, possa contribuir para a reflexão da minha própria
prática e refletir na qualidade do meu trabalho junto aos alunos.
Breve relato de experiência
Quando ingressei como tutora do Programa
Profuncionário no Curso Infraestrutura escolar, eu ainda estava estudando, mas
tive a honra de ter uma boa professora na disciplina de Educação a distância
(EAD), lembro do meu primeiro contato com os conceitos, tipos de professores e
tutores, a ambientação ao AVA e toda estrutura organizacional e metodológica da
modalidade, contudo, todo o meu envolvimento com a EAD foi apenas teórico, eu
não tinha tido acesso ao AVA em nenhum momento, ninguém da minha turma teve
acesso a plataforma, então, imagine minha surpresa quando abriu o processo
seletivo e eu consegui, virei tutora e em poucos dias estava diante do AVA pela
primeira vez, então me perguntei: sou tutora, e agora?
Quando olhei todas as ferramentas do
AVA, me senti perdida e surpresa, afinal, ali havia uma infinidade de
possibilidades e eu iria explorá-las sem saber exatamente como fazer isso. Eu
nunca tinha ouvido falar do Programa Profuncionário e não tinha ideia das
especificidades do público alvo, então fiz uma pesquisa sobre a proposta do
curso no site do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e fiz outras leituras
para conhecer pelo menos parcialmente a identidade dos meus alunos.
Lembro que houve uma reunião com a
coordenação de tutoria do Profuncionário, foram discutidas sobre as funções dos
tutores, horários, dentre outros assuntos, a palestra ocorreu por meio de
apresentação no Power point com a exposição de print screen do AVA com
instruções de como logar, como acessar o chat de tutoria, como enviar arquivos
de feedback, dentre outras atividades que o tutor deve desenvolver.
Ficou claro, pelo menos do ponto de
vista teórico o que eu deveria fazer como tutora e depois de alguns imprevistos
como memoriais sem corrigir por uso inapropriado dos filtros, ausência de
alunos nos chats de tutoria e participações nos fóruns, aprendi como manusear
todas as ferramentas e assim pude auxiliar os alunos com os memoriais, dali em
diante, desenvolvi uma grande paixão pela EAD, pelo Profuncionário e
principalmente pelas narrativas dos cursistas, seu empenho e determinação em
aprimorar sua prática no cotidiano das escolas.
Portanto, quando tive a oportunidade
de participar do curso de formação de tutores do Profuncionário, vi a chance de
aperfeiçoar minha prática e de me aproximar mais dos alunos, posso dizer que
quando havia interação nos fóruns das disciplinas, instigados pela tutora
sênior, eram sempre possível a sistematização de experiências e claro que em
diversos momentos encontramos ponto de vista comuns, narrativas semelhantes ou
mesmo a mesma concepção sobre a modalidade EAD e sobre o programa
Profuncionário.
Logo, a relação entre outros tutores
que estavam em formação mostrou que vivenciamos as mesmas dificuldades, mas a
boa notícia é que não é tão difícil superar essas dificuldades, se cada tutor
esforçar-se o bastante para aprimorar suas atividades primeiro, para que elas
influenciem o programa e por fim, os cursistas.
Recordo constrangida do meu primeiro
contato com a EAD e as diferenças entre o ensino a distância e presencial, no
curso Profuncionário, quando avaliamos um memorial, por exemplo, é atribuída a
totalidade de 0 a 100, e quando avaliado no ensino presencial é de 0 a 10, isso
me levou a muitos erros ao lançar a nota, pode parecer bobo, mas foi uma
adequação que tive que fazer, afinal, estava enraizado a forma convencional de
receber e atribuir notas.
Alguns transtornos foram
estarrecedores, como os erros no AVA ou mesmo indisponibilidade, houve diversas
situações em que a plataforma estava fora do ar, ou que as alterações que eu
fazia não eram efetuadas, isso resultou em alunos sem notas, memoriais que eu
havia corrigido e que não constavam como corrigidos, essas situações problemas
me deixaram preocupada e tudo teria sido mais simples se eu soubesse que tais
eventos são comuns na modalidade EAD, por isso julgo importante o preparo, a
formação beneficia a todos e evita esses transtornos.
Durante exercício de tutoria, percebi
alguns mitos sendo desmitificados, como por exemplo, o mito de que o aluno
necessita do professor como centro dirigindo o ensino, não, isso não é verdade,
o aluno pode subsidiar a si mesmo.
É possível ser autodidata, é possível
aprender quando a mediação do conhecimento não tem o professor como centro, o
aluno recebe instruções, conteúdos e se desenvolve de acordo com seu tempo,
suas habilidades e assim, adquire outras competências, isso foi uma grande
surpresa para mim, principalmente considerando o desenvolvimento pessoal dos
cursistas do Profuncionário, sua identidade e suas limitações.
Quando soube que havia um curso de
formação de tutores, me fiz uma pergunta: por que agora? Após um ano atuando eu
receberia a formação adequada, confesso que a plataforma do curso é mais
complexa que a que eu utilizo como tutora no IFRO RO. Achei um pouco
complicada. Talvez por ser diferente da outra que utilizo, mas o mais estranho
foi estar do outro lado, sim, eu não era mais tutora e sim aluna da EAD.
Estar como aluna da EAD e não como
tutora foi estranho, confesso que encontrei muita dificuldade para manusear as
ferramentas, mensagens, acessar o material do curso de formação de tutores, foi
irônico sem dúvidas, mas isso me permitiu perceber o quanto os cursistas do
curso Infraestrutura escolar vivenciam dificuldades, e não é tão fácil pedir
ajuda quando não estamos face a face para esclarecer uma dúvida. Esse foi um
dos meus maiores aprendizados, nunca devemos parar de aprender e a EAD nunca
para de nos surpreender.
Fiquei envergonhada ao ficar de
recuperação por perder os prazos, achei o AVA do curso de formação tão confuso
que pensei em desistir, mas após muitas tentativas da tutora sênior e os
tutoriais que ela enviava ensinando como usar a plataforma, acabei aprendendo,
imagine minha posição numa hora dessas? Que tipo de tutora não consegue usar as
ferramentas do AVA, isso foi doloroso, mas tive que conviver com o fato de que
o AVA do curso de formação era muito diferente do meu, embora agora eu perceba
a mesma estrutura e organização.
A possibilidade de desistir do curso
de formação me trouxe reflexões, fiquei me perguntando como a taxa de evasão
deve ser grande e não foi preciso muita pesquisa para constatar esse fato,
acessei o meu livro de notas no AVA do IFRO RO e notei que dos 30 alunos do
polo Cujubim que tinham no começo do curso, apenas 9 estavam cursando e apenas 13 do polo Machadinho do Oeste, foi
triste, me identifiquei e me perguntei se eu não poderia tê-los ajudado,
naquele momento, me veio a memória as dificuldades deles assim que adentrei,
mas a minha falta de experiência e minha
insegurança como tutora, não me permitiu dar maiores passos.
Entre as dificuldades dos cursistas,
lembro que eles não conseguiam acessar o material, como o formato era em PDF,
alguns não tinham o programa Adobe, então, eles não conseguiam abrir, eu
tantava explicar, mas meus textos não eram úteis, uma vez que eles não sabiam
usar o computador e suas funções, isso os frustrava e frustrava a mim também.
Outras situações problema se resumiam
na dificuldade de anexar o memorial em word. Por vezes recebi memoriais em
formatos incompatíveis que não abriam e, portanto, me impediam de corrigi-los,
de avaliá-los, isso pode ter causado desmotivação e desistência de alguns
cursistas, é só uma hipótese, claro, mas não consigo parar de pensar nessa
possibilidade.
Uma boa conexão com a internet foi a
ruína de muitos, quantas mensagens recebi no AVA de alunos que não conseguiam
assistir as aulas, os vídeos não carregavam ou demoravam muito, sempre recebi
relatos de internet lenta ou de alunos que não conseguiam usar o word.
Fiquei bastante preocupada com a
dificuldade dos cursistas em utilizar o word, ficou complicado cobrar deles as
normas da ABNT quando eles não tinham ideia de como dar um recuo, espaçamento
ou usar citações diretas e indiretas. Encontrei-me num terrível impasse sobre
como avaliar o memorial desses alunos considerando suas limitações.
Considerações
finais
O curso de formação para tutores do
Profuncionário trouxe um grande diferencial para o trabalho realizado por mim
durante a tutoria do Profuncionário afinal, a formação adequada é um quesito
fundamental para o bom desenvolvimento do ensino-aprendizagem, por isso,
conhecer a proposta político-pedagógica do Profuncionário, foi um passo crucial
para a oferta de um ensino de qualidade, principalmente por estar em pauta, a
modalidade de ensino a distancia como mediadora do conhecimento.
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Memorial
escrito por VALDINEIA BARRETO COELHO, tutora do curso Profuncionário em 2014/2015. Licenciada em Pedagogia, pela Faculdade Metropolitana, de Porto Velho,
Rondônia.
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