O processo de ensino se caracteriza
pela combinação de atividades do professor e dos alunos. Estes, pelo estudo das
matérias, sob direção do professor, vão atingindo progressivamente o
desenvolvimento de suas capacidades mentais.
A direção eficaz desse processo
depende do trabalho sistematizado do professor que, tanto no planejamento como
no desenvolvimento nas aulas conjuga objetivos, conteúdos, métodos e formas
organizativas do ensino.
Os métodos são determinados pela relação objetivos-conteúdos, e referem-se aos
meios para alcançar os objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao
“como” do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo
professor e pelos alunos para atingir objetivos e conteúdos.
O conceito mais
simples de “método” é o de caminho para atingir um objetivo. Na vida cotidiana
estamos sempre perseguindo objetivos. Mas estes não se realizam por si mesmos,
sendo necessária a nossa atuação, ou seja, a organização de seqüências de ações
para atingi-los. Os métodos são, assim, meios adequados para realizar os
objetivos.
O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da
aprendizagem dos alunos utiliza intencionalmente um conjunto de ações, passos
condições externas e procedimentos, que chamamos de métodos de ensino. Por
exemplo, à atividade de explicar a matéria corresponde o método de exposição; à
atividade de estabelecer uma conversação ou discussão com a classe corresponde
o método de elaboração conjunta.
Os alunos, por sua vez, sujeitos da própria
aprendizagem, utilizam-se de métodos de assimilação de conhecimentos. Por
exemplo, à atividade dos alunos de resolver tarefas corresponde o método de
resolução de tarefas; á atividade que visa o domínio dos processos de
conhecimentos científicos numa disciplina corresponde o método investigativo; à
atividade de observação corresponde o método de observação e assim por diante.
A escolha e organização dos métodos de ensino devem corresponder á necessária
unidade objetivos-conteúdos- métodos e forma de organização de ensino e às
condições concretas das situações didáticas. Em primeiro lugar, os métodos de
ensino dependem dos objetivos imediatos da aula: introdução de matéria nova,
explicação de conceitos, desenvolvimento de habilidades, consolidação de
conhecimento etc. Ao mesmo tempo, depende de objetivos gerais da educação
previstos do plano de ensino pela escola ou pelo professor.
Em segundo lugar, a escolha e organização dos métodos dependem dos conteúdos
específicos e dos métodos peculiares de cada disciplina e dos métodos de sua
assimilação.
Em terceiro lugar, em estreita relação com as condições anteriores, a escolha
de métodos implica o conhecimento das características dos alunos quanto á
capacidade de assimilação conforme a idade e nível de desenvolvimento mental
físico e quanto suas características sócio-culturais e individuais
Em resumo, podemos dizer que os métodos de ensino são as ações do professor
pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir os
objetivos do trabalho docente em relação ao conteúdo específico. Eles regulam a
forma de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos,
cujo resultado é assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento
das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
Os princípios básicos do
ensino
Os princípios básicos do ensino são aspectos gerais do processo de ensino
que expressam os fundamentos teóricos de orientação do trabalho docente. Os
princípios do ensino levam em conta à natureza da prática educativa escolar
numa determinada sociedade, as características do processo de conhecimento, as
peculiaridades metodológicas das matérias e suas manifestações concretas na
prática docente, as relações entre o ensino e o desenvolvimento dos alunos, as
peculiaridades psicológicas de aprendizagem e desenvolvimento conforme idades. As exigências práticas da sala de aula requerem algumas indicações que orientam
a atividade consciente dos professores no rumo dos objetivos gerais e
específicos do ensino.
Ter caráter científico
sistemático
Os conteúdos de ensino devem estar em correspondência com os conhecimentos
científicos atuais e com os métodos de investigação próprios de cada matéria.
Buscar explicação científica de cada conteúdo da matéria;
Orientar o estudo independente dos alunos na utilização dos métodos científicos
da matéria;
Certificar da consolidação da matéria anterior por parte dos alunos, antes de
introduzir a matéria nova;
Assegurar no plano de ensino e na aula a articulação seqüencial entre os
conceitos e as habilidades;
Assegurar a unidade objetivos –conteúdos -métodos;
Organizar as aulas de modo que sejam evidenciadas as inter-relações entre os
conhecimentos da matéria e entre estes e as demais matérias;
Aproveitar, em todos os momentos, as possibilidades educativas da matéria no
sentido de formar atitudes e convicções.
Ser compreensível e
possível de ser assimilado
Recomendações de práticas para atender a este princípio:
Dosagem no grau de dificuldades no processo de ensino, tendo em vista superar a
contradição entre as condições prévias e os objetivos a serem alcançados;
Diagnóstico periódico do nível de conhecimentos e desenvolvimentos dos alunos;
Análise sistemática da correspondência entre o volume de conhecimentos e as
condições concretas do grupo de alunos;
Aprimoramento e atualização, por parte do professor, nos conteúdos da matéria
que leciona como condição de torná-los compreensíveis e assimiláveis pelos
alunos.
Assegurar a relação
conhecimento-prática
Algumas recomendações práticas para atender a este princípio:
· Estabelecer, sistematicamente, vínculos entre os conteúdos escolares, as
experiências e os problemas da vida prática;
· Exigir dos alunos que fundamentem, com o conhecimento sistematizado, aquilo
que realizam na prática;
· Mostrar como os conhecimentos de hoje são resultado da experiência das
gerações anteriores em atender necessidades práticas da humanidade e como
servem para criar novos conhecimentos para novos problemas.
Assentar-se na unidade
ensino-aprendizagem
Algumas recomendações práticas em relação a este princípio:
· Esclarecer os alunos sobre o objetivo da aula e sobre a importância de novos
conhecimentos para a seqüência dos estudos, ou para atender necessidades
futuras;
· Provocar a explicitação da contradição entre idéias e experiências que os
alunos possuem sobre um fato ou objeto de estudo e o conhecimento científico
sobre esse fato ou objeto de estudo;
· Criar condições didáticas nas quais os alunos possam desenvolver métodos
próprios de compreensão e assimilação de conceitos e habilidades (explicar como
resolver um problema, tirar conclusões sobre dados da realidade, fundamentar
uma opinião seguir regras para desempenhar uma tarefa etc.);
· Estimular os alunos a expor e defender pontos de vistas, conclusões sobre uma
observação ou experimento e a confrontá-los com outras opiniões;
· Formular perguntas ou propor tarefas que requeiram a exercitação do
pensamento e solução criativa;
· Criar situações didáticas (discussões, exercícios, provas, conversação
dirigida etc.) em que os alunos possam aplicar conteúdos a situações novas ou a
problemas do meio social;
· Desenvolver formas didáticas variadas de aplicação do método de solução de
problemas.
Garantir a solidez dos
conhecimentos
Este princípio se apóia na afirmação de que o desenvolvimento das
capacidades mentais e modos de ação é o principal objetivo do processo de
ensino de que é alcançado no próprio processo de assimilação de conhecimentos,
habilidades e hábitos. A assimilação de conhecimento não é conseguida se os
alunos não demonstram resultados sólidos por um período mais longo ou menos
longo. O atendimento desse princípio exige do professor freqüente recapitulação
da matéria, exercícios de fixação, tarefas individualizadas a alunos que
apresentem dificuldades e sistematização dos conceitos básicos da matéria.
Levar à vinculação
trabalho coletivo-particularidade individuais
O trabalho docente deve ser organizado e orientado para educar a todos os
alunos da classe coletivamente. O professor deve empenhar-se para que os alunos
aprendam a comporta-se tendo em vista o interesse de todos, ao mesmo tempo em
que presta atenção ás diferenças individuais e as peculiaridades de
aproveitamento escolar.
Para isso, podem ser adotadas as seguintes medidas:
· Explicar com clareza os objetivos da atividade docente, as expectativas em
relação aos resultados esperados e as tarefas em que os alunos estarão
envolvidos;
· Desenvolver um ritmo de trabalho de acordo com o nível máximo de exigências
que se pode fazer para aqueles grupos de alunos;
· Prevenir a influência de particularidades desfavoráveis ao trabalho escolar
(colocar nas primeiras carteiras os alunos com problemas de visão ou audição
dirigir-se com mais freqüência a alunos distraídos, dar mais detalhes de uma
tarefa a alunos mais lentos);
· Considerar que a capacidade de assimilação da matéria, a motivação para o
estudo e os critérios de valorização das coisas não são iguais para todos os
alunos: tais particularidades requerem uma atenção especial do professor a fim
de colocar alunos isolados em condições de participar no coletivo.
Classificação dos Métodos de Ensino:
1 – Método de Exposição Pelo Professor
• Nesse
método, a atividade dos alunos é receptiva.
• Cabe
ao professor a apresentação dos conhecimentos e habilidades.
Podem
ser expostos das seguintes formas:
• Exposição
verbal: sua
função é explicar um assunto desconhecido. O professor deverá estimular
sentimentos, instigar a curiosidade, relatar sugestivamente um fato, descrever
com vivacidade uma situação real, fazer leitura expressiva, etc.
• Demonstração:
o professor
utiliza instrumentos que possam representar fenômenos e processos, que podem
ser, por exemplo: visitas técnicas, projeção de slides.
• Ilustração:
são utilizadas
pelo professor, tal como na demonstração, a apresentação de gráficos,
seqüências históricas, mapas, gravuras, de forma que os alunos desenvolvam sua
capacidade de concentração e de observação.
• Exemplificação:
é um meio de
auxiliar a exposição verbal.
2 – Método de Trabalho independente
• É
uma técnica de ensino que consiste de tarefas dirigidas e orientadas pelo
professor, para que os alunos as resolvam de modo individual e criativo.
• É
preciso que os alunos já possuam determinados conhecimentos, compreendam a
tarefa e seu objetivo, dominem o método de solução, apliquem conhecimentos e habilidades
sem a orientação direta do professor.
• O
aspecto mais importante do trabalho independente é a atividade mental do aluno.
• Este
método pode ser adotado em qualquer momento da aula, como tarefa
preparatória, tarefa de assimilação ou como tarefa
de elaboração pessoal.
• Na
tarefa preparatória os alunos respondem um breve teste. Essa
tarefa serve para verificar as condições prévias dos alunos.
• As
tarefas de assimilação são exercícios de aprofundamento e
aplicação dos temas já tratados. Elas servem para revisar conhecimentos e
assimilar a solução correta.
• As
tarefas de elaboração pessoal são exercícios nos quais os alunos
produzem respostas surgidas do seu próprio pensamento. Para solicitar esse tipo
de tarefa é preciso fazer perguntas que leve o aluno a pensar: para que
serve...?, o que devemos fazer quando...?, o que aconteceria
se...?.
• Para
que o trabalho independente cumpra a sua função didática o professor precisa:
– Dar
tarefas claras;
– Assegurar
condições de trabalho;
– Aproveitar
o resultado das tarefas para toda a classe.
– Os
alunos, por sua vez, devem:
- Saber o que fazer e como trabalhar;
- Dominar as técnicas de trabalho;
- Desenvolver atitudes de ajuda mútua.
3 – Método de Elaboração Conjunta
• Interação
entre alunos e professor. É a conversação, aula dialogada, com elaboração de
perguntas que leve os alunos a reflexão.
• A
forma mais usual de aplicação da conversação didática é a pergunta.
• A
pergunta deve ser feita com bastante cuidado, para que seja compreendida pelo
aluno da pergunta.
• Esse
método é reconhecido como um excelente procedimento para promover a
assimilação ativa dos conteúdos, desenvolvendo atividade mental, através da
obtenção de respostas pensadas sobre a causa de determinados fenômenos,
avaliação crítica de uma situação, busca de novos caminhos para soluções de
problemas.
4 – Método de Trabalho em Grupo
• Atividade
coletiva que visa à integração e a colaboração dos alunos e/ou equipe para a
execução de uma tarefa ou projeto. O professor precisa ter claro para trabalhar
em grupo:
Que
os conteúdos são meios e não os fins para o desenvolvimento de
competências, necessárias na resolução de problemas.
CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA O
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO (ESPAÇO FÍSICO, ILUMINAÇÃO, OUTROS).
• O
professor deve deixar claro para a classe os critérios de agrupamentos, para
que não encontre resistência na organização dos grupos, não decorrendo assim em
equívocos didáticos.
Diferentes
Formas de Apresentação em Grupo:
5 – Atividades
Especiais
COMPLEMENTAM
OS MÉTODOS DE ENSINO
CONCORREM
PARA ASSIMILAÇÃO ATIVA DOS CONTEÚDOS
Execução
Exploração dos result.
e avaliação
RELAÇÕES
COM FATOS SOCIAIS
(realidade do aluno)
Aprendemos
a aprender nas experiências ao longo da vida, nas relações do homem com o meio.
A comunicação entre os grupos é mais clara, facilitando a construção de novos
saberes.
“Ninguém sabe tudo que
não possa aprender e ninguém sabe tão pouco que não tenha nada a ensinar.”. Autor
desconhecido
Referência
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.