Antes de iniciar os
estudos na disciplina de Currículo: habilidades e competências ainda não haviam
sido feita uma analise ou comparação entre as os modelos de currículos deixando
de lado a visão de abordagem focada apenas nas áreas de técnicas e métodos. Após
leitura do respectivo capítulo nota-se que já é possível falar em tradição
crítica do currículo.Não se trata de nenhum desvinculo e
desvalorização do currículo tradicional, e sim o uso dele com mais sentido, ao
invés de usar abordagens curriculares apenas como processo de mecanização e
reprodução de conteúdos, usar outra forma de abordagem para instigar o educando
ao seu desenvolvimento critico, social, político e epistemológico. Sabe-se que os conhecimentos de um
determinado assunto/conteúdo são importantes que o aluno adquira, mas o aluno
sabe dessa importância?
Muitas vezes, o próprio pedagogo não sabe o “porque” de
se ter que ensinar “isso ou aquilo”, apenas segue o currículo padrão, mas e se
esse currículo sugerido nas instituições educacionais já viesse com uma
abordagem curricular crítica? Se o currículo é considerado como artefato social
e cultural, levando nessa perspectiva, faz necessária uma análise das
características das abordagens curricular tradicional e crítica, mas afinal, em
qual contexto consiste o currículo, no contexto social? Ou melhor, em quais
contextos consistem o currículo? O que “o que NÃO é currículo” e o que “O que é
currículo”? O quadro abaixo traz um resumo sobre as relações:
NÃO É
CURRICULO
|
É CURRÍCULO
|
O currículo não é um elemento inocente.
|
O currículo está implicado nas relações de poder.
|
O currículo não é um elemento neutro.
|
O currículo transmite visões sociais particulares
interessadas.
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Não se resume em apenas transmissão desinteressada
de conhecimento social
|
O currículo produz identidades individuais.
|
O currículo não é um elemento transcendente e
atemporal.
|
O currículo produz identidades sociais e
particulares.
|
Quadro 1 – O que é e
o que não é currículo. Autor: Valdineia Barreto 2013.2
A
abordagem curricular tradicional e a abordagem curricular crítica, pelo menos
no começo, traziam resultados diferentes quando confrontavam as transformações
sociais, política e econômicas da sociedade na época, pois ainda tentavam
adaptar a escola e o currículo à ordem capitalista que se consolidava:
As duas tendências, juntamente com os vestígios e
revalorizações de uma perspectiva mais tradicional de escola e currículo,
dominavam o pensamento curricular dos anos vinte ao final da década de sessenta
e inicio da década seguinte. As mudanças ocorridas nesse período conduziram
ainda que na mecanicamente, a predomínios, conflitos e alianças temporárias,
que configuraram, então, as feições dos processos de escolarização e de
desenvolvimento curricular (Kliebard, 1986, p. 12).
Depois
disso, houve um levantamento da abordagem curricular crítica com a intenção de
promover uma revolução pedagógica a partir das reformas curriculares.
Abordagem
curricular Tradicional
Abordagem
curricular Tradicional procura ser neutra, tendo como principal foco
identificar os objetivos da educação escolarizada, formar o trabalhador
especializado ou proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população. Silva
(2003) explica que essa teoria teve como principal representante Bobbit, que escreveu
sobre o currículo em um momento no qual diversas forças políticas, econômicas e
culturais procuravam envolver a educação de massas para garantir que sua
ideologia fosse garantida. Sua proposta era que a escola funcionasse como uma
empresa comercial ou industrial. Segundo Silva (2003, p.23) apud Hornburg e
Silva (2007):
[...] de acordo com Bobbit, o sistema educacional
deveria começar por estabelecer de forma precisa quais são seus objetivos.
Esses objetivos, por sua vez deveriam se basear num exame daquelas habilidades
necessárias para exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida
adulta.
O
modelo que Bobbit propunha era baseado na teoria de administração econômica de
Taylor e tinha como palavra-chave a eficiência. O currículo era uma questão de
organização e ocorria de forma mecânica e burocrática. A tarefa dos
especialistas em currículo consistia em fazer um levantamento das habilidades,
em desenvolver currículos que permitissem que essas habilidades fossem
desenvolvidas e, finalmente, em planejar e elaborar instrumentos de medição
para dizer com precisão se elas foram aprendidas. Estas idéias influenciaram
muito a educação nos EUA até os anos de 1980 e em muitos países, inclusive no
Brasil.
Tyler
também determinou como identificar ou onde encontrar as respostas às perguntas
por ele propostas para elaborar o currículo. Para Tyler, deveriam ser feitos
estudos sobre os próprios aprendizes, sobre a vida contemporânea fora da
educação, bem como obter sugestões dos especialistas das diversas discipli-
nas. (SILVA, 2003). Mas, para fazer esse levantamento, as pessoas envolvidas
deveriam respeitar a filosofia social e educacional com a qual a escola
estivesse comprometida e a psicologia da aprendizagem.
Numa
linha mais progressista, mas também tradicional, apresenta-se a teoria de
Dewey, na qual aparecia mais a preocupação com a democracia do que com o
funcionamento da economia. (SILVA, 2003). Essa teoria dava, também, importância
aos interesses e às experiências das crianças e jovens. Seu ponto de vista
estava mais direcionado à prática de princípios democráticos, sendo a escola um
local para estas vivências. Em sua teoria, Dewey não demonstrava tanta
preocupação com a preparação para a vida ocupacional adulta. A questão
principal das teorias tradicionais pode ser assim resumida: conteúdos,
objetivos e ensino destes conteúdos de forma eficaz para ter a eficiência nos
resultados.
Abordagem
curricular crítica
Em
meio aos muitos movimentos sociais e culturais que caracterizaram os anos de
1960 em todo o mundo, surgiram as primeiras teorizações questionando o
pensamento e a estrutura educacional tradicionais, em específico, aqui, as
concepções sobre o currículo. As teorias críticas preocuparam-se em desenvolver
conceitos que permitissem compreender, com base em uma análise marxista, o que
o currículo faz. No desenvolvimento desses conceitos, existiu uma ligação entre
educação e ideologia.
A
ênfase das teorias críticas estava no significado subjetivo dado às
experiências pedagógicas e curriculares de cada indivíduo. Isso significava
observar as experiências cotidianas sob uma perspectiva profundamente pessoal e
subjetiva, levar em consideração as formas pelas quais estudantes e docentes
desenvolviam, por meio de processos de negociação, seus próprios significados
sobre o conhecimento.
Embora
tenham tentado identificar tanto as teorias marxistas como as ligadas à
fenomenologia com o movimento reconceptualista, os pensadores ligados às idéias
marxistas não queriam muito essa identificação em virtude do aspecto estritamente
subjetivo de sua teoria.
Silva
(2003) cita um movimento crítico em relação às teorias de currículo que ocorreu
na Inglaterra, com Michael Young. Essa crítica era baseada na sociologia e
passou a ser conhecida como Nova Sociologia da Educação. Diferentemente das
outras teorias que tinham como base as críticas sobre as teorias tradicionais
de educação, esta tinha como referência a antiga sociologia da educação, que
seguia uma tradição de pesquisa empírica sobre os resultados desiguais
produzidos pelo sistema educacional, preocupada principalmente com o fracasso
escolar de crianças das classes operárias. Porém,
essas pesquisas fundamentavam-se nas variáveis de entrada, classe social, renda
e situação familiar, e nas variáveis de saída, resultado dos testes escolares,
sucesso ou fracasso escolar, deixando de verificar o que acontecia entre esses
dois pontos.
São
as ações implícitas que caracterizam o currículo oculto. Estão presentes, mas
não estão organizadas ou planejadas no currículo e tanto podem ser positivas
como negativas. Para as teorias críticas, estas ações geralmente ensinam o
conformismo, a obediência e o individualismo, ou seja, comportamentos que
mantêm a ideologia dominante.
REFERÊNCIAS
SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. Currículo, cultura e sociedade. 9ª Ed. São Paulo: Cortez, 2006.
SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
HORNBURG,
Nice. SILVA, Rubia da. Teorias sobre currículo: uma análise
para compreensão e mudança. Vol. 3n. 10 - jan.-jun./2007. p. 61-66.Disponível: http://amigadapedagogia.blogspot.com.br/2011/02/teorias-do-curriculo.html
Acesso em 2, abril, 2013 às 15:33.
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