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28 setembro 2013

Características das abordagens curriculares: tradicional e crítica

Antes de iniciar os estudos na disciplina de Currículo: habilidades e competências ainda não haviam sido feita uma analise ou comparação entre as os modelos de currículos deixando de lado a visão de abordagem focada apenas nas áreas de técnicas e métodos. Após leitura do respectivo capítulo nota-se que já é possível falar em tradição crítica do currículo.Não se trata de nenhum desvinculo e desvalorização do currículo tradicional, e sim o uso dele com mais sentido, ao invés de usar abordagens curriculares apenas como processo de mecanização e reprodução de conteúdos, usar outra forma de abordagem para instigar o educando ao seu desenvolvimento critico, social, político e epistemológico. Sabe-se que os conhecimentos de um determinado assunto/conteúdo são importantes que o aluno adquira, mas o aluno sabe dessa importância? 


Muitas vezes, o próprio pedagogo não sabe o “porque” de se ter que ensinar “isso ou aquilo”, apenas segue o currículo padrão, mas e se esse currículo sugerido nas instituições educacionais já viesse com uma abordagem curricular crítica? Se o currículo é considerado como artefato social e cultural, levando nessa perspectiva, faz necessária uma análise das características das abordagens curricular tradicional e crítica, mas afinal, em qual contexto consiste o currículo, no contexto social? Ou melhor, em quais contextos consistem o currículo? O que “o que NÃO é currículo” e o que “O que é currículo”? O quadro abaixo traz um resumo sobre as relações:

NÃO É CURRICULO
É CURRÍCULO
O currículo não é um elemento inocente.
O currículo está implicado nas relações de poder.
O currículo não é um elemento neutro.
O currículo transmite visões sociais particulares interessadas.
Não se resume em apenas transmissão desinteressada de conhecimento social
O currículo produz identidades individuais.
O currículo não é um elemento transcendente e atemporal.
O currículo produz identidades sociais e particulares.
Quadro 1 – O que é e o que não é currículo. Autor: Valdineia Barreto 2013.2


            A abordagem curricular tradicional e a abordagem curricular crítica, pelo menos no começo, traziam resultados diferentes quando confrontavam as transformações sociais, política e econômicas da sociedade na época, pois ainda tentavam adaptar a escola e o currículo à ordem capitalista que se consolidava:

As duas tendências, juntamente com os vestígios e revalorizações de uma perspectiva mais tradicional de escola e currículo, dominavam o pensamento curricular dos anos vinte ao final da década de sessenta e inicio da década seguinte. As mudanças ocorridas nesse período conduziram ainda que na mecanicamente, a predomínios, conflitos e alianças temporárias, que configuraram, então, as feições dos processos de escolarização e de desenvolvimento curricular (Kliebard, 1986, p. 12).


            Depois disso, houve um levantamento da abordagem curricular crítica com a intenção de promover uma revolução pedagógica a partir das reformas curriculares.

Abordagem curricular Tradicional

            Abordagem curricular Tradicional procura ser neutra, tendo como principal foco identificar os objetivos da educação escolarizada, formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população. Silva (2003) explica que essa teoria teve como principal representante Bobbit, que escreveu sobre o currículo em um momento no qual diversas forças políticas, econômicas e culturais procuravam envolver a educação de massas para garantir que sua ideologia fosse garantida. Sua proposta era que a escola funcionasse como uma empresa comercial ou industrial. Segundo Silva (2003, p.23) apud Hornburg e Silva (2007):

[...] de acordo com Bobbit, o sistema educacional deveria começar por estabelecer de forma precisa quais são seus objetivos. Esses objetivos, por sua vez deveriam se basear num exame daquelas habilidades necessárias para exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida adulta.

            O modelo que Bobbit propunha era baseado na teoria de administração econômica de Taylor e tinha como palavra-chave a eficiência. O currículo era uma questão de organização e ocorria de forma mecânica e burocrática. A tarefa dos especialistas em currículo consistia em fazer um levantamento das habilidades, em desenvolver currículos que permitissem que essas habilidades fossem desenvolvidas e, finalmente, em planejar e elaborar instrumentos de medição para dizer com precisão se elas foram aprendidas. Estas idéias influenciaram muito a educação nos EUA até os anos de 1980 e em muitos países, inclusive no Brasil.
            Tyler também determinou como identificar ou onde encontrar as respostas às perguntas por ele propostas para elaborar o currículo. Para Tyler, deveriam ser feitos estudos sobre os próprios aprendizes, sobre a vida contemporânea fora da educação, bem como obter sugestões dos especialistas das diversas discipli- nas. (SILVA, 2003). Mas, para fazer esse levantamento, as pessoas envolvidas deveriam respeitar a filosofia social e educacional com a qual a escola estivesse comprometida e a psicologia da aprendizagem.
            Numa linha mais progressista, mas também tradicional, apresenta-se a teoria de Dewey, na qual aparecia mais a preocupação com a democracia do que com o funcionamento da economia. (SILVA, 2003). Essa teoria dava, também, importância aos interesses e às experiências das crianças e jovens. Seu ponto de vista estava mais direcionado à prática de princípios democráticos, sendo a escola um local para estas vivências. Em sua teoria, Dewey não demonstrava tanta preocupação com a preparação para a vida ocupacional adulta. A questão principal das teorias tradicionais pode ser assim resumida: conteúdos, objetivos e ensino destes conteúdos de forma eficaz para ter a eficiência nos resultados.

Abordagem curricular crítica

            Em meio aos muitos movimentos sociais e culturais que caracterizaram os anos de 1960 em todo o mundo, surgiram as primeiras teorizações questionando o pensamento e a estrutura educacional tradicionais, em específico, aqui, as concepções sobre o currículo. As teorias críticas preocuparam-se em desenvolver conceitos que permitissem compreender, com base em uma análise marxista, o que o currículo faz. No desenvolvimento desses conceitos, existiu uma ligação entre educação e ideologia.
            A ênfase das teorias críticas estava no significado subjetivo dado às experiências pedagógicas e curriculares de cada indivíduo. Isso significava observar as experiências cotidianas sob uma perspectiva profundamente pessoal e subjetiva, levar em consideração as formas pelas quais estudantes e docentes desenvolviam, por meio de processos de negociação, seus próprios significados sobre o conhecimento.
            Embora tenham tentado identificar tanto as teorias marxistas como as ligadas à fenomenologia com o movimento reconceptualista, os pensadores ligados às idéias marxistas não queriam muito essa identificação em virtude do aspecto estritamente subjetivo de sua teoria.
            Silva (2003) cita um movimento crítico em relação às teorias de currículo que ocorreu na Inglaterra, com Michael Young. Essa crítica era baseada na sociologia e passou a ser conhecida como Nova Sociologia da Educação. Diferentemente das outras teorias que tinham como base as críticas sobre as teorias tradicionais de educação, esta tinha como referência a antiga sociologia da educação, que seguia uma tradição de pesquisa empírica sobre os resultados desiguais produzidos pelo sistema educacional, preocupada principalmente com o fracasso escolar de crianças das classes operárias.             Porém, essas pesquisas fundamentavam-se nas variáveis de entrada, classe social, renda e situação familiar, e nas variáveis de saída, resultado dos testes escolares, sucesso ou fracasso escolar, deixando de verificar o que acontecia entre esses dois pontos.
            São as ações implícitas que caracterizam o currículo oculto. Estão presentes, mas não estão organizadas ou planejadas no currículo e tanto podem ser positivas como negativas. Para as teorias críticas, estas ações geralmente ensinam o conformismo, a obediência e o individualismo, ou seja, comportamentos que mantêm a ideologia dominante.

REFERÊNCIAS

SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. Currículo, cultura e sociedade. 9ª Ed. São Paulo: Cortez, 2006.


SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.


HORNBURG, Nice. SILVA, Rubia da.  Teorias sobre currículo: uma análise para compreensão e mudança. Vol. 3n. 10 - jan.-jun./2007. p. 61-66.Disponível: http://amigadapedagogia.blogspot.com.br/2011/02/teorias-do-curriculo.html Acesso em 2, abril, 2013 às 15:33.

1 Comentários - Comente!

serli 10/29/2013
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