' '' COMO SÃO AS PESSOAS E O QUE AS FAZ SEREM COMO SÃO? | PROF VAL BARRETO - CANDIDATA A VEREADORA DE PORTO VELHO!

28 julho 2011

COMO SÃO AS PESSOAS E O QUE AS FAZ SEREM COMO SÃO?




Professora Meg Gomes Martins – Psicologia
Psicologia do Desenvolvimento



HEREDITARIEDADE E MEIO AMBIENTE

O filósofo britânico John Locke, no século XVII, acreditava que a mente de um bebê recém-nascido era uma tabula rasa, uma “pedra lisa”, uma “folha em branco”, ou seja, o que é escrito nesta pedra é o que o bebê experiência.

Com o advento da teoria da evolução, de Charles Darwin (1859), que salienta a base biológica do desenvolvimento humano, a perspectiva hereditária voltou a ficar em voga.
Já no século XX, com o apogeu do behaviorismo, a posição ambientalista novamente ganhou proeminência.  Atualmente, as maiorias dos psicólogos concordam não apenas que tanto a natureza quanto a criação (ambiente) exercem papéis importantes, mas que interagem continuamente para orientar o desenvolvimento. Assim, o que faz uma pessoa ser aquilo que é resulta da combinação dos fatores herdados e do seu meio ambiente.

As pessoas são muito variadas. Diferem quanto ao tamanho, religião, sexo, idade, inteligência e educação. Diferem ainda quanto às características sociais, econômicas e morais. A individualidade é o resultado de características biológicas ou herdadas (hereditárias) e é influenciada pelo meio onde vivem.

CARACTERÍSTICAS HERDADAS:

No momento da concepção, um número impressionante de características pessoais já são determinadas pela estrutura genética do óvulo fertilizado. Os determinantes genéticos são expressados no desenvolvimento por meio do processo de maturação. Maturação são seqüências determinadas de forma inata, de crescimento e mudança, que são relativamente independentes dos eventos ambientais. Contudo, um ambiente que seja decididamente atípico ou inadequado afetará de alguma forma os processos maturacionais. A desnutrição materna, tabagismo e consumo de álcool e drogas estão entre os fatores ambientais que podem afetar a maturação normal do feto.
                       
Chamamos hereditariedade a transmissão biológica das características dos pais aos filhos. Cada ser humano resulta de um ovo inicial que contém um conjunto de genes fornecidos, em partes iguais, por ambos os genitores. Somos, portanto, constituídos por um conjunto de traços que vêm de uma cadeia de nossos antepassados.

                        Fatores relacionados com a aparência física são geralmente considerados herdados.
·                    a não ser que haja trauma cefálico ou doença, o intelecto e a altura são determinados biologicamente;
·                    a não ser que haja tratamento medicamentoso ou raios luminosos externos, a cor da pele também é predeterminada;
·                    a não ser que haja ferimento ou operação plástica, a forma do nariz, orelhas é predeterminada.

Herda-se, enfim, a maioria dos caracteres relacionados a aparência. Diversos estudos foram realizados e mostraram que a hereditariedade exerceria um papel importante na formação da personalidade das pessoas.

Francis Galton, por exemplo, estudioso do Q.I (coeficiente de inteligência), em 1876,  acreditava que o “gênio” (Q.I. acima de 180) é hereditário. Selecionou aproximadamente mil nomes de pessoas eminentes: estadistas, líderes navais e pessoas de outras profissões que tinham vivido nas Ilhas Britânicas durante várias gerações.

Estudou cuidadosamente a genealogia dessas pessoas, para ver se elas tinham mais parentes célebres do que ser podia esperar de pessoas tomadas ao acaso. Para fins de comparação, estudou a genealogia de mil pessoas não selecionadas, encontrando (em média), para cada uma dessas famílias, somente quatro pessoas eminentes. Nas árvores genealógicas dos seus mil nomes selecionados, porém, encontrou mais de quinhentos parentes célebres. Galton acreditou que esses resultados provam ser o “gênio” hereditário.
                        Galton também estudou 30 famílias de pessoas que tinham pais artistas e descobriu que 64% dos filhos eram artistas. Por outro lado, ao estudar 150 famílias de pessoas que os pais não eram artistas, descobriu apenas 21% de filhos com habilidades artísticas.
                        Entretanto temos críticas aos estudo de Galton: ele esqueceu de considerar a influência dos fatores ambientais sobre as crianças criadas em lares de pais eminentes ou por lares de artistas! A criança já cresce ouvindo música X, assunto Y. A tendência é gostar de X ou Y e não de Z que não teve experiência!

                        Enfim, o organismo nasce com potencialidades biológicas. Potencialidade não é ter o comportamento, é necessária modelagem do meio ambiente para que o comportamento ocorra.

CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS:

                        Ao nascer, o ser humano já ingressa num meio ambiente social (família) e físico (clima, alimentação, condições geográficas, etc).

                        O meio ambiente abrange muitas influências, inclusive fatores determinantes para a formação do nosso repertório de comportamentos (personalidade), são adquiridos antes do nascimento.

Þ    O meio químico pré-natal: drogas, nutrição e hormônios
Þ    O meio químico pós-natal: oxigênio e nutrição
Þ    As experiências sensoriais constantes: os eventos processados pelos sentidos inevitáveis a qualquer indivíduo como sons de vozes humanas, contato físico com as pessoas, etc. Todos passam por essas experiências.  As experiências sensoriais variáveis: eventos processados pelos sentidos e que diferem de um animal para outro da mesma espécie, dependendo das circunstâncias particulares de cada indivíduo. Nem todos passam por essas experiências.

Ex: todos ouvem a língua portuguesa, mas o significado que cada pessoa dá a alguma palavra depende do contexto e de como aprendeu a dar significado para aquela palavra. Eu te amo significa uma coisa para quem fala e pode (o que geralmente acontece!) significar outra coisa para quem ouve.

Estudos revelam a importância do meio ambiente na modelagem da hereditariedade, como por exemplo, o estudo das crianças encontradas na Índia, por um casal de missionários, e que estavam sendo criadas por lobos. As crianças não falavam, apenas emitiam sons parecidos com os dos animais, seus companheiros, e mostravam grande deficiência intelectual e emotiva. Assim, nasceram prontas para falar, a natureza deu a estrutura para falar, mas não tiveram estimulação ambiental para desenvolver essa habilidade e outras. (Ver o filme: Nell).

A INTERAÇÃO DA HEREDITARIEDADE COM O AMBIENTE

O melhor argumento a favor da influência ambiental na formação da personalidade encontra-se no estudo desenvolvido com gêmeos idênticos, que são criados em lugares diferentes por diferentes pessoas. Podem ser encontradas diferenças quanto à estatura e seus Q.I., conceito social, pessoal e metas de trabalho. O meio ambiente desempenha importante papel nessa diferenciação.
                       
Newman, Freeman e Holzinger (1937) observaram pares de gêmeos idênticos que haviam crescido separados. De modo geral, quando após as observações os gêmeos forma colocados em situação de teste, obtiveram  resultados muito parecidos nos testes de nível mental, mas essa semelhança não foi acentuada nas provas de personalidade e nas de capacidade motora.

Atualmente é mais sábio analisar que tanto a hereditariedade quanto o meio ambiente são essenciais para a formação de comportamentos do que a discussão a respeito se a hereditariedade ou o meio é mais significativo na formação da pessoa.

A hereditariedade e o meio interagem continuamente, influenciando o desenvolvimento. A hereditariedade programa as potencialidades humanas, o meio faz essas potencialidades se desenvolverem ou não, para mais ou para menos. O potencial hereditário de uma pessoa pode ser nutrido ou sufocado, dependendo do tipo, da quantidade e da qualidade de seus encontros ambientais e dependendo ainda de quando esses encontros ocorram (eles podem ser cedo demais ou tarde demais, impedindo que se tenha o máximo de seus efeitos benéficos).

Por outro lado, por vezes, o meio ambiente estimula a pessoa para desenvolver algum comportamento, mas o organismo não está “pronto” ainda para receber determinada estimulação, num plano evolutivo ou no plano do desenvolvimento natural do ser humano. Ex: cadeira “anda-já”, a mãe quer estimular o filho a andar, mas seus membros não estão ainda prontos para tanto. O que acontece? A criança pode ficar com as “pernas de alicate” (arqueadas).          

Vejamos outro exemplo da importância da hereditariedade para que o meio possa agir. No Estado de Indiana (EUA), o pesquisador Kellogg e sua esposa criaram uma macaquinha (nome: Gua), junto com seu filhinho Donald. Gua aprendeu a dormir na cama, comer à mesa, usar o copo, xícara e talher, brincar com brinquedos de crianças e entender frases simples. Nunca, porém conseguiu falar. Esse estudou de Kellogg mostrou que a hereditariedade estabelece limites que não podem ser ultrapassados. Dentro desses limites, porém, um comportamento resulta da experiência e do treino, isto é, do ambiente.

Enfim, se a dotação hereditária de fulano o predispõe a ser baixo em altura, ele jamais crescerá para ultrapassar o metro e oitenta; mas se ele tiver boa assistência e tomar boas decisões quanto à saúde, ele ficará mais alto do que seria se fosse criado em um ambiente apertado e tivesse muito pouco alimento, muito pouco exercício e muito pouco amor.

Muitos fatores influenciam o crescimento e o desenvolvimento humanos. Esses elementos são uma parte integrante das várias subculturas às quais todas as pessoas pertencem. Raça, sexo, antecedente étnico e situação sócio-econômica, tudo influencia o desenvolvimento, do mesmo modo que a hereditariedade. O desconhecimento dos fatores ambientais que influenciam um determinado indivíduo deixa grandes lacunas em nosso entendimento sobre essa pessoa e limita nossos meios para ajudá-la a desenvolver seu potencial completo.

Cada ser humano é diferente porque cada um traz diferentes experiências de vida, e portanto, é emocional, intelectual e socialmente diferente dos demais.
                       
Saber como as pessoas desenvolvem as idéias e quais são as suas necessidades é fundamental para a formação do profissional e é igualmente fundamental que todo profissional se conheça bem.
                       
Em quase todas as profissões uma pessoa interage com outras pessoas diferentes. A maior dificuldade em lidar com as pessoas está em saber que duas pessoas não reagirão de maneira idêntica e que devem ser respeitadas em suas diferenças.
                       
Se você aprender a importância da formação diferenciada da complexidade humana, você já estará com as portas abertas para compreender melhor a psicologia do comportamento humano.


MATURAÇÃO E APRENDIZAGEM

                        O termo aprendizagem refere-se a mudanças no comportamento resultantes das experiências.
O termo maturação refere-se ao desenvolvimento do organismo como função do tempo ou da idade, decorrentes também de transformações neurofisiológicas e bioquímicas que têm lugar desde a concepção até a morte (MUSSEN, P.H. O desenvolvimento psicológico da criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1978, p.27).
                       
O desenvolvimento motor após o nascimento ilustra a interação entre genética e o ambiente. Há um quadro inato de maturação que determina a ordem dos comportamentos motores (sentar sozinho, engatinhar, ficar de pé sem auxílio são exemplos de avanços importantes na mobilidade de um bebê), mas nem todas as crianças passam pela seqüência no mesmo ritmo, daí a importância na aprendizagem e experiência para guiar este ritmo.
                       
Em um estudo, um grupo de bebês que recebeu prática para dar passadas (reflexo de passadas) por alguns minutos, várias vezes ao dia, durante os primeiros dois meses de vida, começou a caminhar 5 a 7 semanas antes de bebês que não tiveram esta prática (Zelazo, Zelazo & Kolb,1972).  
                       
Em outro estudo, Arnold Gessell, Helen Thompson e L. C. Strayer estudaram os efeitos da maturação e do treino em um par de gêmeas idênticas, T. e C. Aos 11 meses, uma das gêmeas foi treinada a subir escadas e a construir com blocos. A outra, deixada a seus próprios esforços, subiu as escadas em duas semanas, tão bem como sua irmã, e adquiriu em seis semanas igual habilidade em construir com blocos.
                       
Por outro lado, alguns experimentos mostram que com incentivo precoce à aprendizagem, o indivíduo pode ter melhor desempenho, porém quem treina mais tarde, pode alcançar as mesmas habilidades, mas sem bom desempenho, principalmente se forem atividades mais complexas, como a linguagem.
                       
Mc Graw aconselha um termo médio entre instigar constantemente a criança e “esperar sentado” a ação da natureza. Em um momento oportuno os músculos e os nervos estarão prontos para cada nova atividade; nessa ocasião será benéfico treinar e praticar. A atividade de andar depende basicamente da maturação.


3. PERÍODOS CRÍTICOS E PERÍODOS DELICADOS (SENSÍVEIS OU ÓTIMOS)

                        A Etologia é a ciência que estuda o comportamentos dos animais em seu habitat natural. O pesquisador Konrad Lorenz, trouxe contribuições para a questão da hereditariedade e do meio ambiente nos estudos sobre o imprinting (estampagem ou fixação). Em 1935, esse cientista observou e descreveu que, logo após nascerem, os filhotes de ganso parecem seguir o primeiro estímulo em movimento que enxergam logo após terem saído da casca. Mais a grande “sacada” é que Lorenz descobriu que esse fenômeno pode ocorrer somente durante um certo período da vida dos gansinhos. Ele notou que os filhotes não aprendiam a seguir somente sua mãe, mas qualquer estímulo que lhe fosse apresentado dentro das primeiras horas de vida. O próprio Lorenz se apresentou diante deles durante esse período crítico e notou que os gansinhos seguiam em fila atrás dele com a devoção que geralmente manifestam a suas mães, e que esse hábito se manteve durante a vida inteira dessas aves.
                        O tempo ótimo que o imprinting nos gansos tem maior impacto é entre 13 a 16 horas de vida. Na verdade, pode acontecer entre 10 a 30 horas, mas o tempo ótimo é entre 13 a 16 horas. Apresentando o estímulo 35 ou 40 horas após saírem da casca, não há aprendizagem. Assim, o imprinting fornece um exemplo perfeito da cuidadosa harmonia do potencial biológico com o encontro com o estímulo ambiental para a produção de um comportamento.
                        E qual é a relevância?
                        Bom, isso significa que, assim como existe o imprinting nos animais não humanos, existe também o que chamamos de períodos críticos para animais humanos.
                        Assim, há um tempo crítico para que determinado comportamento seja estabelecido na vida da pessoa, e esse período é aquele onde pode ser maior aproveitado a interação da hereditariedade com o meio ambiente. Em outros momentos que não seja o período crítico pode até haver aprendizagem, mas não se dará com o mesmo potencial.
                        Para o homem há que se relevar a maturação adequada do sistema central e periférico, os músculos, o aparelho sensorial e os órgãos para que os estímulos externos possam produzir uma aprendizagem de comportamentos. Se a estimulação não for no momento certo, a base física pode se atrofiar, pode-se ocorrer distúrbios biológicos ou psicossociais.

EXEMPLOS DE PERÍODOS CRÍTICOS:

a) desenvolvimento dos órgãos sexuais do feto: período de 6 a 7 semanas após a concepção
b) desenvolvimento da visão: período dos sete primeiros anos de vida

Os períodos críticos usualmente são usados para se referir a aquisição de aspectos ligados a biologia (maturação). Para o aquisição de aspectos ligados a psicologia, tem-se os períodos delicados, sensíveis ou ótimos. Períodos delicados seriam aqueles no qual um comportamento poderia se desenvolver em seu potencial pleno.
                       
EXEMPLOS DE PERÍODOS DELICADOS:

a) linguagem: período dos doze primeiros anos de vida – estimulação lingüística deve ocorrer nessa fase.
b) relações interpessoais/apego aos pais: primeiro ano de vida – René Spitz demonstrou que um bebê necessita de afagos físicos reais para sobreviver.

ESTIMULAÇÃO AMBIENTAL
                       
Observações recentes mostram que à medida que a criança recebe mais e mais estimulação do ambiente, seu cérebro também se organiza lentamente, ou seja, os neurônios começam a trabalhar em grupos, formando unidades, possibilitando formas de aprendizagem mais complexas.

Além de mudanças estruturais, de mudanças no tamanho das células e no diâmetro dos vasos sangüíneos que irrigam o córtex, a estimulação ambiental causa também mudanças químicas no cérebro, que influenciam na habilidade para aprender e para resolver problemas.  

Essas afirmações parecem ser confirmadas pelos resultados de comparação e análise dos cérebros de dois grupo de ratos. Um grupo de doze ratos foi criado num ambiente estimulante: gaiolas providas de escadas e rodas em movimento, das quais eram tirados diariamente para que pudessem explorar novos lugares e prender algumas tarefas. O outro grupo, também de doze ratos semelhantes, foi criado em ambiente extremamente monótono. Viviam sozinhos em gaiolas, no escuro, e nunca se permitia que saíssem para explorar regiões fora da gaiola. Todos os animais, porém, recebiam a mesma alimentação.

Após 3 meses, todos os ratos foram sacrificados e seus cérebros analisados quanto à forma e à constituição química. Os cérebros dos ratos criados em ambiente estimulante tinham o córtex (matéria cinzenta) maior e mais pesado que o dos outros. Quimicamente também eram diferentes, pois possuíam, em maior quantidade, uma enzima que facilita as transmissões neurais.

Fizeram-se outras investigações semelhantes a esta, comparando ninhadas de animais (ratos e cães) criados em gaiolas, no laboratório, com outros semelhantes criados como animais de estimação em casas de família. O desenvolvimento dos animais criados em casas de família superou muito o dos animais criados em laboratório.
                       
Essa diferença foi bem maior no caso dos cães do que no dos ratos. Parece que, quanto mais elevada for, na escala zoológica, uma espécie animal, mais ela se beneficiará de um ambiente inicial enriquecido.
                       
Além do sistema nervoso, os aparelhos sensoriais também necessitam de estimulação ambiental para se desenvolverem apropriadamente. Por exemplo: no aparelho visual, os neurônios da retina serão danificados se não receberem estimulação, como se verificou com animais criados em locais completamente escuros.
                       
Essas descobertas são as bases biológicas para as conclusões de que a experiência inicial (ou estimulação precoce) é importantíssima para o desenvolvimento de comportamentos.
                       
Assim, o nível de inteligência que atingimos quando adultos não é determinado apenas pela hereditariedade, mas depende, em grande parte, de nossa estimulação precoce que recebemos do ambiente.

CONDIÇÕES DE PRIVAÇÃO E CONDIÇÕES DE REFORÇAMENTO
                       
Ao tratar da quantidade e variedade da estimulação oferecida pelo ambiente, os psicólogos referem-se a condições de privação e a condições de reforçamento, em relação às condições normais de estimulação.

Muitas crianças recebem o que se pode considerar quantidade normais de estimulação ou oportunidade. Essas crianças crescem em ambientes claros, onde há objetos para ver e manipular, pessoas que falam com elas, que as carregam ao colo e algumas vezes as levam a lugares novos. Elas têm oportunidade de receber estimulação visual, tátil, auditiva e outras, em quantidades normais.

No caso oposto, em que as crianças são criadas em condições de privação, seu ambiente oferece um nível de estimulação ou oportunidade muito reduzido e as conseqüências serão um desenvolvimento e um nível de realização muito abaixo do normal. Assim, crianças criadas em ambientes monótonos, sempre sozinhas em seu berço, na penumbra, como pouca oportunidade de ver e ouvir pessoas falando com elas e levando-as a novos lugares, sem brinquedos para manipular e com outras limitações de estimulação, terão seu desenvolvimento muito prejudicado. 

Por razões éticas, em seres humanos não se podem testar experimentalmente os efeitos da privação no desenvolvimento.
Para Mc Vicker Hunt (1961), o “ingrediente básico no desenvolvimento intelectual é a variedade de estímulos”. Uma restrição sensorial muito severa pode retardar mentalmente um bebê.

Jean Piaget afirma que, desde os primeiros dias de vida, é necessário que o bebê receba estimulação visual, auditiva e tátil e que ele tenha uma variedade de objetos para manipular, de possibilidades para se movimentar. Sua atividade intelectual, nos primeiros meses, é sensório-motora, isto é, consiste em perceber o ambiente e agir sobre ele.

A interação entre o organismo e o ambiente, desde o início da vida, é necessária para a descoberta de certas relações lógicas entre os objetos e portanto para a compreensão, no futuro, de conceitos matemáticos. É vendo, ouvindo, manipulando objetos, levando-os a boca, que a criança vai lentamente formando suas noções de objeto, espaço, causalidade e tempo. 

0 Comentários - Comente!

Postar um comentário

Obrigada pela sua visita. Deixe sua opinião, crítica, sugestões de postagem, recadinho. Volte sempre.