Solange Aparecida de O. Collares1
RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo analisar a relevância do trabalho do Orientador Escolar além dos muros escolares. A sociedade atual ampliou o campo de atuação do Orientador Educacional para outros ambientes, como instituições não-escolares, onde se constata a sua importância em todos os segmentos organizados da sociedade, tornando-o o elo que conduz ao relacionamento interpessoal, com possibilidade de reflexão crítica dos indivíduos, tornando-os aptos ao convívio em sociedade. Parte-se do pressuposto da instabilidade no mundo de trabalho para a inserção do Pedagogo Habilitado em Orientação Educacional nas organizações, para atuar junto aos funcionários, encaminhando e reabilitando-os em funções condizentes com o seu conhecimento e o seu modo de ser e se relacionar com outras pessoas.
Palavras chaves: Orientador educacional; relacionamento interpessoal; sociedade.
O presente trabalho abordará a atuação do pedagogo na orientação educacional da área sócio-econômica, destacando a importância do profissional desta área nas diversas organizações governamentais e não-governamentais, pois sua atuação faz-se necessária nesses meios, devido às mudanças e transformações do contexto sócio-econômico e político do mercado de trabalho. Trata-se de um campo em expansão no momento, no qual o indivíduo busca sentido no que faz.
A orientação educacional, ora restrita à área educacional, tem-se ampliado cada vez mais, sendo o objetivo desta pesquisa demonstrar os novos campos de trabalho do pedagogo habilitado em orientação educacional no contexto social e a sua repercussão no meio político e econômico. Caracteriza-se o presente estudo como uma pesquisa etnográfica e de campo, envolvendo Empresas Guarapuavanas, estabelecimentos hospitalares e outros.
A função do orientador educacional vem sendo questionada ultimamente, como decorrência das transformações gradativas que ocorrem no âmago da sociedade. O profissional desta área durante muito tempo atuou somente no espaço escolar, onde cabia-lhe a tarefa de ajustar o aluno à escola, família ou sociedade. Mas atualmente, em sua nova roupagem, a orientação educacional volta-se à construção do cidadão além dos espaços educativos. Para melhor entendimento dessa trajetória, faz-se necessário uma breve incursão aos primórdios da orientação educacional.
Analisando as origens da orientação educacional, constata-se que suas raízes encontram-se na orientação profissional, praticada nos Estados Unidos da América por volta de 1930, quando o incremento das ocupações ampliou a necessidade de orientar os jovens para uma correta decisão, capaz de lhe assegurar êxito no recente mercado de trabalho.
Em consonância com a psicologia científica, a orientação profissional elaborou testes psicológicos de inteligência, de personalidade e de interesses, capazes de detectar as diferenças individuais, tornando-se um modo e persuasão psicológica, visto que objetiva convencer os indivíduos de que conseguir um emprego depende das capacidades pessoais.
A princípio o trabalho de orientação profissional era realizado pela empresa, mas depois foram criados os escritórios de orientação profissional, visando orientar os indivíduos sobre as várias opções de que dispunha, com base em suas próprias capacidades. Posteriormente esse trabalho passa a ser solicitado no interior da escola, para orientar os educandos nos planos de carreira e estudo conforme as aptidões de cada um, e passou a ser denominado de orientação escolar.
Contudo, a seleção profissional, a orientação profissional e a orientação escolares não sanaram os problemas existentes nas organizações, pois havia necessidade de preocupar-se com o ser humano, ocupante do cargo, surgindo então os estudos sobre o relações humanas no trabalho.
Assim, a orientação profissional passa a integrar a área da orientação educacional, pois a formação do profissional tem início com a formação do homem, nos vários aspectos da vida: familiar, escolar, social e profissional.
Na França, a orientação era desenvolvida em âmbito escolar, como um serviço de psicologia escolar, objetivando conhecer o educando no ambiente formal e informal. Tornou-se orientação profissional, embasada na aplicação de testes, sendo que o profissional da área era denominado de psicólogo escolar, cabendo-lhe elaborar dossiês com todas as informações disponíveis sobre os educandos.
No Brasil, a história da orientação educacional inspira-se nesses dois modelos, o americano e o francês que, embora divergentes em alguns aspectos, estão alicerçados em um mesmo conceito de sociedade, isto é, conforme Pimenta (1995, p. 26), concebem a sociedade como um todo orgânico ao qual todos os indivíduos se devem ajustar nas mesmas bases psicológicas.
Em solo pátrio, a orientação educacional foi criada seguindo experiências externas que se delinearam através das leis, com base na dimensão psicológica e em consonância com os objetivos educacionais mais amplos.
Deve-se a Lourenço Filho a criação do serviço de orientação profissional e educacional no Departamento de Educação do Estado de São Paulo, em 1931. No Rio de Janeiro, a experiência pioneira, datada de 1934, coube a Maria Junqueira Schmidt e Aracy Muniz Freire, na Escola Comercial Amaro Cavalcanti.
A legislação concernente à Orientação Educacional data do início dos anos 40. Conforme Grispnun (2001), pela Reforma Capanema, a Lei Orgânica do ensino Industrial (1942) criou o Serviço de Orientação Educacional, visando a correção e encaminhamento dos alunos-problemas e a elevação das qualidades morais.
De acordo com a Lei 4.073/42, art. 50, Inciso XII, instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola técnica, a Orientação Educacional mediante a aplicação de processos adequados, pelos quais se obtenham a conveniente adaptação profissional e social e se habilitem os alunos para a solução dos próprios problemas.
A Lei 5.692/71, em seu art. 10, declara que será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade. Com isso, pretendia-se preparar trabalhadores para atender os interesses e as necessidades empresariais, justificando o desenvolvimento econômico.
Pelo Decreto-Lei 72.846/73, art. 1.º, constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao educando. Portanto, o orientador educacional deveria prestar assistência ao aluno a partir do planejamento estabelecido no Decreto, em consonância com os interesses do Estado, sendo que o indivíduo teria que se conformar com sua situação perante a sociedade dominante, a qual destinava o ensino profissionalizante aos menos favorecidos, para que pudessem adentrar no mercado de trabalho.
Nos anos 80 ocorreram algumas mudanças, avanços e contradições na história da orientação educacional, mas os profissionais dessa área assumiram um papel mais político e comprometido com a sociedade, defendendo uma escola pública de qualidade e filiando-se à Federação Nacional de Orientação Educacional (FENORE), à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e, mais tarde, à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Na década seguinte extingui-se a FENOE, ocorrendo o enfraquecimento e a fragilização da identidade do Orientador Educacional.
Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN 9.394/96, não há uma referência específica à Orientação Educacional. Contudo, não deixa de ser mencionada em vários artigos, principalmente no art. 39, segundo o qual a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
De acordo com Placco (1998, p. 115) cabe ao orientador formar o cidadão responsável e transformador: "O papel básico do Orientador Educacional será o de auxiliar o educando a tornar-se consciente, autônomo e atuante nessa tarefa, auxiliando também o aluno, na identificação de seu processo de consciência, dos fatores sócio-econômico-político-ideológico que o permeiam e dos mecanismos que lhe possibilitem superar a alienação decorrente desses processos, tornando-se assim, um homem-coletivo: responsável e transformador".
Assim, a Orientação Educacional passou por vários períodos, que podem ser assim sintetizados:
• Período Implementar: compreende o período de 1920 a 1941 e está associada à Orientação Profissional, preponderando a seleção e escolha profissional;
• Período Institucional - de 1942 a 1961: caracterizado pela exigência legal da Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino e nos cursos de formação dos orientadores educacionais; nesse período há a divisão funcional e institucional; surge a Escola Pública;
• Período Transformador - de 1961 a 1970: pela Lei 4.024/61, a Orientação Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a formação do Orientador e fixando as Diretrizes e Bases da educação Nacional;
• Período Disciplinador - de 1971 a 1980: conforme a Lei 5.692/71, a Orientação Educacional é obrigatória nas escolas, incluindo o aconselhamento educacional. O Decreto 72.846/73, regulamentando a Lei 5.564/68, sobre o exercício da profissão de Orientador educacional, disciplina os passos a serem seguidos;
• Período Questionador - de 1980 a 1990: o Orientador discute suas práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim, a sua realidade no meio social; a prática da orientação volta-se para a concepção de educação como ato político;
• Período Orientador - a partir de 1990: a orientação volta-se para a "construção" do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo.
Atualmente, a orientação educacional caracteriza-se por um trabalho mais abrangente, na dimensão pedagógica, possuindo caráter mediador junto aos demais educadores e atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade. Busca conhecer a realidade e transformá-la, para que seja mais justa e humana.
Hoje, não mais por imposição legal, mas por efetiva consciência profissional, o Pedagogo habilitado em Orientação Educacional tem seu espaço próprio para desenvolver um trabalho pedagógico integrado, interdisciplinar e empresarial.
Segundo Wittman (1995), a educação vai virar a mesa da sociedade de cabeça para baixo, pois presentemente se discute o processo de qualidade (gestão empresarial) dentro da educação. Sendo assim, ocorre a emancipação humana, que nada mais é senão a promoção mercantilista, onde quem melhor inferir determinado assunto ou comportamento, receberá um prêmio. Questiona-se, então, sobre o destino daqueles que não conseguirem: o que será feito deles?
Em vista disso, a Orientação Educacional busca meios para atingir um objetivo, meios não excludentes, mas emancipatórios. Assim, reverte a função do Orientador centrado nos aspectos político e social, assumindo um compromisso com o momento histórico e com a formação dos cidadãos, tornando o tema do trabalho do Orientador Educacional relevante e interessante para ser estudado e pesquisado, devido à necessidade e complexidade no mundo do trabalho.
A atuação da Orientação Educacional passa a ultrapassar o âmbito escolar, contribuindo com outras funções condizentes com a sua formação. O Orientador tem a possibilidade de trabalhar temas atuais em empresas, solicitados conforme necessidade dos demais funcionários, usando a criatividade para a realização de encontros, seminários, debates, palestras e comemorações.
Neste contexto, o Orientador Educacional passa a ser um colaborador nas organizações, em departamentos de Recursos Humanos, auxiliando na construção e na formação de homens mais críticos, conscientes e participativos na sociedade, em que estabelecem relações através do seu desempenho pessoal.
O Orientador Educacional atua como um educador, investigando e colaborando conforme as necessidades do grupo. É um líder que reconhece e aceita as diferenças entre as pessoas, consegue vê-las em sua totalidade, tenta oferecer um ambiente estimulante e confiável, une os vários segmentos de uma organização, resultando em produtividade, pois despertou a cooperação e a comunicação a partir dos relacionamentos interpessoais.
Sendo assim, faz-se necessário hoje a atuação do Orientador Educacional em hospitais, empresas, ONGs, consultorias, escolas, academias, conselhos tutelares e penitenciárias. Atuando como um eixo condutor para o conhecimento necessário à transformação da realidade em que os indivíduos estão inseridos, objetivando seu pleno desenvolvimento crítico e reflexivo.
A partir da análise do contexto social do trabalho, evidencia-se a importância das atuação do Pedagogo junto às organizações. Diante disso, algumas instituições nas quais esse profissional pode trabalhar:
• ONGs: Um exemplo a ser destacado é o serviço prestado às organizações governamentais e não-governamentais, que pode ser terceirizado ou não. Nessas entidades assistenciais pode-se destacar trabalhos realizados em centros de idosos, onde o Pedagogo habilitado em Orientação Educacional realizará atividades diferenciadas, desde projetos que visem a novas perspectivas para a vida em sociedade, como o resgate da auto-estima, da alegria, a descoberta, ou melhor, a redescoberta das potencialidades e prazer de se expressar, pois assim retomará elos com a vida e a comunidade.
A parceria entre Entidades Assistenciais e Universidades é uma das formas de concretizar esse trabalho, pois além de contribuir com a Terceira Idade, possibilitará, através do Estágio Supervisionado em Orientação Educacional , a formação acadêmica do Pedagogo apresenta mais uma possibilidade de atuação profissional.
• Hospitais: nos estabelecimentos hospitalares o Orientador Educacional pode atuar trabalhando na Pediatria, com as crianças, através de atividades lúdicas e diferenciadas, onde o principal objetivo é fazer com que elas não percam a continuidade de suas vidas, principalmente quando se trata de um assunto tão importante quanto a educação, pois o incentivo ao ensino é fundamental.
Guimarães (1988) afirma: o atendimento por profissionais qualificados na ciência do comportamento pode prover, junto à equipe pediátrica, recursos técnicos para minimizar possíveis perdas ou atrasos no desenvolvimento que poderia sofrer uma criança em situação hospitalar. Assim, a presença de brinquedos e atividades adequadas às faixas etárias pode melhorar a condição de preparo para o contexto hospitalar.
Nos hospitais também pode-se trabalhar a humanização do atendimento do funcionário ao público e também no relacionamento entre funcionários, como uma forma de motivação.
Da mesma forma, nas casas hospitalares o Orientador Educacional pode colaborar com palestras de prevenção, nos Centros de Atendimento Médicos, com temáticas como: puericultura, cuidados necessários com os recém-nascidos, cuidados com a higienização do ambiente familiar.
• Nas empresas: há espaço para o Orientador Educacional nas empresas, onde estará trabalhando Meio Ambiente, reabilitação profissional, qualidade de vida, relações interpessoais, orientação e reorientação profissional, educação continuada, etc.
A preocupação com a formação técnica é importante, mas há necessidade de um novo perfil para o trabalhador, onde a educação ocorra dentro da empresa, gerando um comprometimento do trabalhador com seu trabalho e que a chefia possa gerir de forma mais humana, não exaltando um modelo taylorista/fordista. (WUTE, 2002, p. 44) Nesse processo, o Orientador Educacional vêm imprimir suas características, onde está cada vez mais vinculado ao ser humano, proporcionando uma confiança entre empregador e empregados. Assim, o Orientador, juntamente com os profissionais de recursos humanos e os colaboradores, podem construir uma organização empresarial mais saudável, mais humana, em conseqüência de uma sociedade mais justa e de um cidadão ativo.
• Nos clubes e academias: nesses locais o Orientador Educacional pode atuar no atendimento aos pais sobre as matrículas, prestar informações sobre o funcionamento da escola, trabalhar com atividades psicomotoras na água e também proceder a uma complementação pedagógica. Percebe-se que é um trabalho diversificado, onde o Orientador Educacional preenche a ficha com os dados históricos da criança. Nessa perspectiva, esse profissional ganha mais força, pois identifica a realidade, conhece seus anseios e suas limitações e, com base nisso, propõe projetos de melhoria individual e competitiva.
• Em consultorias: nesses casos o Orientador Educacional trabalha no setor de relações humanas, local onde a cada dia ganha mais espaço. Pode atuar em conjunto com psicólogos e psicopedagogos, organizando encontros, seminários e palestras.
• Nas universidades: a presença do Orientador Educacional é necessária inclusive nas próprias universidades. De acordo com Silva (1999):
"Os acadêmicos que estão adentrando o terceiro grau chegam trazendo muitas dúvidas em sua bagagem, pois estão numa fase crucial de sua existência. Em alguns momentos precisam assumir a maturidade, em outros não conseguem deixar de ser adolescentes. Muitos conseguem superar seus obstáculos, vencer seus desafios sozinhos, mas inúmeros estudantes do ensino superior necessitam de auxílio para seguir um curso com confiança e segurança quanto à sua carreira".
A orientação pode desempenhar um papel decisivo junto a esses alunos, propiciando oportunidades de auto-conhecimento, aceitação de si mesmo e expansão do potencial de auto-realização, contribuindo também no processo de desenvolvimento da sociedade numa visão mais global, crítica e transformadora.
Assim, a universidade possui a missão de refletir sobre sua essência, o ser humano, em sua totalidade. E a Orientação educacional, por sua vez, auxilia o ser humano a desenvolver-se nas áreas pessoal, acadêmica e vocacional. (SILVA, 1999, p. 197)
A Orientação Educacional atua nesses espaços como força propulsora do conhecimento, necessária à transformação da realidade em que os indivíduos estão inseridos, objetivando o desenvolvimento pleno do ser humano e sua reflexão.
"A Orientação Educacional deseja contribuir para a formação dos trabalhadores [...] possibilitando a alunos/trabalhadores/cidadãos o acesso aos conhecimentos, apropriação de instrumentos de ciência e de princípios teóricos e metodológicos construídos socialmente pelos homens, por meio de seu trabalho, como direito de todos" (GRINSPUN, 2001, p. 125).
Enfim, a Orientação Educacional dinamiza o fenômeno educacional, abrindo os olhos para a verificação do cotidiano para, assim, orientá-los para a realidade social, como fenômeno educativo que acontece além da escola, compreendendo o processo de formação atitudinal e de vivência, onde a individualidade tem valor, a partir da cultura, auto-estima, valores e crenças.
Portanto, o Orientador Educacional pode também atuar em empresas como um facilitador, que tem por missão proporcionar ao grupo a chance de passar por um processo de aprendizagem e crescimento pessoal, atuando como um educador, além de treinar, selecionar e identificar talentos.
De acordo com Gramigna (1993), no palco dos jogos o facilitador dá o lugar de estrela aos participantes, fazendo-se discreto e atuando de acordo com as necessidades do grupo.
A importância do trabalho do Pedagogo habilitado em Orientação Educacional estende-se ao contexto social, pois o indivíduo necessita conhecer-se como um agente transformador de seu meio, buscando ser realizado em seu trabalho, desencadeando em melhor produtividade e interação social. Poderá elaborar projetos de melhoria individual e coletiva para suprir expectativas, identificando a realidade, os anseios e as limitações dos colaboradores na empresa.
Assim, destaca Wute (2002, p. 41):
"O Orientador Educacional, neste contexto, tem como função priorizar a relação homem e mundo, homem-homem, permeada pelo desenvolvimento moral, espiritual, social, físico, intelectual, buscando subsidiá-lo na compreensão do Eu em relação ao Nós para que ele possa encontrar a serenidade necessária para sobrevivência neste mundo tão competitivo, através da serenidade, aliado à dedicação, força de vontade, jamais esquecendo a empatia e responsabilidade. Pois este vir-a-ser só ocorre sendo, quer dizer, só há mudança através da ação, não há primeiro a teoria de mudança e mais tarde a sua prática".
Nesse momento, cabe ao facilitador criar condições favoráveis à manutenção de um clima grupal harmônico e baseado na confiança, devendo o ambiente favorecer a participação. Não há necessidade de teorizar, pois cada um traz as suas próprias experiências, seus conhecimentos. Em seu aspectos social, o trabalho é necessário para a reprodução da vida humana, mas é algo mais que sua mera reprodução mecânica, é a luta pela sobrevivência e a necessidade de inserção social.
As atividades devem ser dirigidas de tal forma que possibilitem às pessoas a descoberta e a expressão de suas reais necessidades. Em determinados momentos, pode ser necessário suprimir uma atividade e dar espaços para discussões importantes para o processo grupal.
Moscovici (2001) destaca que o processo de interação humana supõe necessariamente comunicação, mesmo que haja intenção contrária, pois o ser humano está sempre comunicando algo, seja através de palavras ou por meios não-verbais, tais como gestos, postura corporal, posição e distância em relação aos outros. O simples fato de estar em presença de outrem modifica o contexto perceptivo de cada um, promovendo interação que é, afinal, comunicação, com mensagens emitidas e recebidas de cada participante da situação conjunta.
Possibilitar estes momentos de trocas entre os colaboradores da empresa é extremamente fundamental, pois dá oportunidade para que os colaboradores apontem os erros, os acertos e as possibilidade de melhoria.
Enguita (1989) destaca que os novos membros da sociedade têm que ser educados, para romperem com velhas formas de trabalho e aceitar as novas relações sociais de produção, pois o momento é de desvincular-se do emprego, buscando aprender a conviver com situações de trabalho que ainda não estão estruturadas por descrições de cargo e relações de subordinação claras.
Precisa-se aprender a conviver com múltiplos papéis, nos quais sua combinação muda freqüentemente, e é preciso aprender a encontrar a renda de que necessita em tais condições instáveis e imprevistas. Em última análise, depende de cada pessoa estar preparada para aprender uma nova maneira de fazer e de ser.
Os resultados da Orientação Educacional além dos muros da escola são altamente positivos. As observações efetivadas nas empresas guarapuavanas demonstrou a necessidade do profissional de Orientação, motivando, colaborando para o atingimento das metas empresariais, enfim, lapidando o quadro de pessoal, assegurando a excelência no atendimento ao cliente.
Constata-se que há campo de trabalho, mas ainda não existem pessoas qualificadas para ocupar esse espaço. Com a atual escassez de empregos no Brasil, principalmente na área educacional, a abertura dessa frente de trabalho representa mais realizações em todos os sentidos. Por um lado, os profissionais da Orientação Educacional têm mais opções de trabalho e, por outro, os orientandos podem contar com uma força extra, estejam eles freqüentando uma escola ou uma universidade, ou mesmo trabalhando em uma empresa comercial, uma organização não governamental ou um estabelecimento hospitalar.
Fecha-se, assim, um circuito, pois a Orientação Educacional, que nasceu Profissional, transcende os muros escolares e retorna às bases, perseguindo os mesmos ideais: colocar a pessoa certa no lugar certo, ou seja, possibilitar uma opção profissional que realize o ser humano, tornando a humanidade mais produtiva e feliz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENGUITA, M. F. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
GRAMIGNA, M. R. M. Jogos de empresa. São Paulo: Makron Books, 1993.
GRISPUN, M. P. S. Z. (org.) et al. A prática dos orientadores educacionais. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1998.
_____ (org.) et al. A orientação educacional: conflitos de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2001.
MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 1995.
PIMENAT, S. G. O pedagogo na escola pública. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1995.
PLACCO, V. M. N. S. Formação e prática do educador e do orientador: confrontos e questionamentos. 2.ed. Campinas: Papirus, 1998.
SILVA, Lauraci Dondé da. Sobre a necessidade da orientação educacional na universidade. Educação brasileira. v. 21., n. 43, jul./dez.1999, Brasília: CRUB, p. 192-216.
WUTKE, S. L. O orientação educacional na empresa: uma aproximação. Guarapuava, 2002, 80 f . Monografia (Especialização em Orientação Educacional ). Setor de Ciências Humanas da Universidade do Centro-Oeste do Paraná.
1 É docente atuante na Universidade Estadual do Centro Oeste. E-mail: solcolares@yahoo.com.br
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O Psicólogo E O Pedagogo Nas Organizações – Papéis E Atuações No Rh
Editar Artigo | Publicado em: 27/12/2009 | Comentário: 2 | Acessos: 970 | Curso de Coaching ICI Único Curso do Brasil Indicado pela Federação Brasileira de Coaching www.coachingintegrado.com.br
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Ansiei escrever este artigo, após uma palestra sobre “O Papel do Psicólogo Nas Organizações”, proferida para um grupo de formandos do curso de Psicologia. O intuito é versar sobre o exercício do Psicólogo e também do Pedagogo nas organizações contemporâneas, porém, sem adentrar no valor, mérito ou ‘demérito’ acerca disto.
O alvo é destacar a atuação deles, diante dos determinantes histórico-sociais que modelaram seus atos até hoje, bem como sugerir a reflexão sobre a importância da constituição de uma performance profissional, que reflita de maneira mais harmônica, o leque de possibilidades oriundas da Psicologia da Pedagogia. De modo que elas estejam retamente alinhadas com a realidade sócio-política em que estão inseridas, sem deixar de contemplar às exigências do seu principal campo de atuação dentro da empresa: o RH.
Relembrando os significados mais consensuais:
PSICÓLOGO: Profissional devidamente qualificado para o exercício profissional da psicologia, que usa métodos e técnicas científicas devidamente estruturadas, cujo foco principal é o estudo do funcionamento da mente, do comportamento humano, da cognição e das emoções.
PEDAGOGO: Profissional que domina a “ciência pedagógica” como princípio central e que fundamenta sua atuação volvida para a: mediação do processo de aprendizagem na esfera da docência, organização e gestão, pesquisa, produção e prolixidade dos conhecimentos; compreensão do processo pedagógico em sua magnitude e enredamento; assimilação crítica das novas linguagens da comunicação e demandas sócio-culturais.
ORGANIZAÇÃO: Se constitui da soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros, com fins a efetivação de um produto ou serviço, combinando todos os elementos orientados a um objetivo comum.
Psicólogo Organizacional e Pedagogo Empresarial são o mesmo que RH?
Categoricamente, NÃO! Contudo, ambos (Psicólogo e Pedagogo) tem atuado junto às dificuldades organizacionais ligadas à gestão de RH (ou gestão de pessoas): na promoção da saúde, na integração do funcionário, na comunicação da diretoria e funcionário, além de buscar o acolhimento das necessidades do profissional, para uma maior proficuidade no trabalho.
A Psicologia é uma ciência ligada à modificação de arquétipos mentais ou comportamentais e o que se tem visto nas empresas, são psicólogos atuando mais na análise e no diagnóstico (R&S, avaliação de desempenho, aplicação de testes, treinamentos, integração de funcionários, reuniões, etc) e menos para a real transformação.
Abrindo parênteses para resgatar o conceito da área e o exercício científico da Psicologia do Trabalho,vemos que a mesma se debruça em entender o trabalho, seu significado e suas manifestações, para compreender os condicionantes, determinantes e consequências constituintes do indivíduo. “O trabalho é um objeto necessário para se compreender o fenômeno psicológico, assim como, por exemplo, a psicanálise afirmou que seria preciso entender a sexualidade para se compreender a dinâmica psicológica” (CODO; SORATTO; VASQUES-MENEZES, In: ZANELLI (Org.), 2004, p. 277).
Retomando, o papel do Psicólogo Organizacional é criar metodologias de intervenção que auxilie todo o grupo a mover ou agir no sentindo de mudar a si mesmo, assinalando novos moldes intelectuais e de conduta. Porém, raro é encontrar um psicólogo que não esteja mergulhado dentro de um “status quo” e muitas das vezes submerso tão profundamente na cultura da empresa e incomensuravelmente adstrito às intenções mais bizarras de alienação.
A Pedagogia por sua vez, é a ciência que “estuda e aplica doutrinas e princípios visando um programa de ação em relação à formação, aperfeiçoamento e estímulo de todas as faculdades da personalidade das pessoas, de acordo com ideais e objetivos definidos. A Pedagogia também faz o estudo dos ideais e dos meios mais eficazes para realizá-los, de acordo com uma determinada concepção de vida” (HOLTZ, 2006).
Abreviando, tanto a Empresa, quanto a Psicologia e a Pedagogia, agem em direção a concretização de ideais e desígnios definidos, no afazer de suscitar transformações no comportamento das pessoas. Esse processo de mudança provocada, no comportamento das pessoas em direção a um objetivo, chama-se – aprendizagem - especialidade do Pedagogo.
E como esses profissionais trabalham essencialmente na área de RH, o desafio é abandonar os antigos paradigmas, nos quais se acomodaram e que cercearam durante anos, a envergadura que lhes é típica. A maioria das tarefas ou atividades do RH pode ser executada por profissionais de outras áreas, mas obviamente, Psicólogos e Pedagogos condensam a probabilidade latente de tornar essa área “UP” da organização, transcendendo as atividades burocráticas que normalmente são conhecidas com do DP (administração de pessoal, folha de pagamento, obrigações trabalhistas, etc.).
Na medida em que a empresa cresce, se desenvolve, sofistica seu modelo de gestão e se insere em ambientes mais competitivos, é natural que o RH evolua junto e desenvolva outras características como: a preocupação com o clima organizacional, a oferta de benefícios cada vez mais atrativos, salários tentadores e perspectivas de crescimento e desenvolvimento se juntam a outros artifícios para aumentar sua capacidade de atrair talentos.
Uma publicação da revista VOCÊ S/A, edição nº 88 de outubro/2005, revelou os resultados de uma pesquisa realizada no site durante dez dias, na qual a perguntou o que seus leitores pensam a respeito da área de RH da empresa onde trabalham. Das três perguntas que selecionei, o resultado foi:
1. “Você sabe qual o papel do RH da sua empresa?” – 61% responderam: “Não, o RH é lento, perdido e não cumpre seu papel”.
2. “Você considera o RH da sua empresa estratégico?” – 47% responderam: “Não, eles não são uma área estratégica e não têm a mesma importância de outras áreas”.
- “O RH da sua empresa tem voz ativa?” – 42% responderam: “Não, o RH não tem voz ativa”.
Isto é só uma amostra, mas reflete a realidade. Ou seja, está faltando foco, estratégia, planejamento e alinhamento de ações voltadas para os objetivos organizacionais, melhoria do clima organizacional, para que os colaboradores atinjam seus resultados e metas, sentindo-se valorizados, inclusive diante da oportunidade de crescimento. E neste propósito, o RH deve inclusive, colocar abertamente aos colaboradores que não conseguem crescer e serem promovidos, suas reais razões.
O que se tem visto como “políticas de RH” em muitas organizações são: jornais internos, festas de confraternização ao final do ano, flores para as mulheres no dia internacional da mulher, cartões de aniversários, dias das mães e dos pais e outras atividades dessa natureza e sem a mínima acuidade efetiva...
A globalização mercadológica exige o desenvolvimento de novas competências nos funcionários. Nesse campo, a tarefa do Pedagogo (um profissional que contém conhecimentos em economia, filosofia, psicologia e sociologia, capaz de observar e analisar as reais deficiências e necessidades do seu local de trabalho, além de pesquisar, elaborar e implantar um projeto voltado para o conhecimento e/ou aprimoramento das técnicas de trabalho) é crucial!
Pois, pode colaborar não só nos processos de capacitação em serviço, como também na avaliação permanente que permita diagnosticar as novas necessidades em função de cada contexto e os meios para gerá-las mais rapidamente nos grupos de trabalho.
“O ambiente organizacional contemporâneo requer um trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolução de problemas e tomadas de decisões, capacidade de trabalho em equipe e em total contato com a rapidez de transformação e a flexibilidade dos tempos atuais” (GRECO, 2005).
O fato de lidar com o comportamento humano — tanto na sua extensão individual quanto social — credencia o Psicólogo, ao manejo de métodos e técnicas de investigação dos problemas psicossociais inevitáveis em quaisquer contextos de trabalho.
Mas, o verdadeiro reconhecimento da atuação destes dois profissionais na organização dar-se-á somente mediante ao aproveitamento real de todas as capacidades aqui destacadas. E para isso, é primacial qualificar-se profissionalmente, perseguindo a maturidade dos conhecimentos a serem equacionados e colocados a serviço da organização, entendendo e fazendo entender que esta, tem seus limites e potencialidades estabelecidos por PESSOAS.
REFERÊNCIAS
BASTOS, Antônio Virgilio Bittencourt e GALVAO-MARTINS, Ana Helena Caldeira. O que pode fazer o psicólogo organizacional. Psicol. cienc. prof., 1990, vol.10, no.1, p.10-18. ISSN 1414-9893.
LIBÂNEO, J. C. Que destino os educadores darão à pedagogia? In: PIMENTA, S. G. (coord.) Pedagogia, ciência da educação? São Paulo: Cortez, 1986.
RAMAL, Andrea Cecilia. “Pedagogo: a profissão do momento”. Rio de Janeiro: Gazeta Mercantil, 6 de março de 2002.
ZANELLI, J. C. O psicólogo nas organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2002. O papel do psicólogo na área de RH. Psicologia Rede Psi. Publicado por Cintia Renata Mion, 2007.
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Sonaly Beatriz Frazão Silva - Perfil do Autor:
Pedagoga, Especialista em Engenharia de Transportes, Psicologia Organizacional e de Trânsito. Principais Áreas de Atuação e Interesse: Psicodinâmica do Trabalho; Psicologia Organizacional, Clínica, de Trãnsito, Social e Ambiental; Saúde Coletiva; Epidemiologia; Educação Ambiental, Especial e Superior; Grafologia e Pesquisa Científica.
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