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artigo foi escrito originalmente para este site e pode ser compartilhado em sua
totalidade ou parcialidade, contanto que sejam dadas as devidas referências:
COELHO,
Barreto Valdineia. O Modelo Pedagógico
VM para o desenvolvimento-de-competências segundo Vasco Moretto. Rondônia Universo Pedagogia, 2014. Disponível
em: <http://www.universopedagogia.com/2014/12/o-modelo-pedagogico-vm-para-o.html>
Esse
trabalho consiste no resumo da parte II do livro: “PLANEJAMENTO: PLANEJANDO A
EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS” do autor Vasco Pedro
Moretto que consiste em uma seleção de informações do autor para reflexão sobre
a temática do planejamento educacional como prática norteada do Pedagogo na sala
de aula e desenvolvimento das competências do aluno.
O resumo inicia verificando alguns aspectos quanto as competências não
como alcance, mas como desenvolvimento e segue analisando uma interpretação do
problema, a não listagem de competências a serem alcançadas, e ainda faz
menções sobre a complexidade de situações, o modelo pedagógico do
desenvolvimento-de-competências e por
fim, à guisa de conclusão
Analisar
o Pedagógico VM para o desenvolvimento-de-competências oportuniza reflexões
significativas sobre como as competências do educando se configuram, aliás, é
comum acredita que o aluno adquire às competências necessárias a aprendizagem
no decorrer do ensino, contudo, Moretto (2013) acredita que essa posse de
competências, não se alcança e sim se desenvolve de acordo com a prática
pedagógica no cotidiano da sala de aula.
Segundo Moretto (2013) existe ainda paradigmas em
torno do ‘educar por habilidades e competências’ colocando em pauta a questão
dessa prática ser um novo ou velho paradigma de ensino, certamente, fica claro,
que as afirmativas por um por outro, são presentes na atualidade.
Moretto (2013) inicia com um questionamento muito
importante, ao indagar sobre o que as ações de do ‘educar por habilidades e
competências’ significam na prática do dia-a-dia do professor na sala de aula,
e ainda enfatiza grande confusão em torno dessa discussão apontando como
agravante a linguagem excessivamente acadêmica utilizada para definir os
conceitos e discutir o assunto como responsável por deixar os professores
confusos e por fazer com que acreditem que o esse modelo pedagógico do ensino
ainda seja visto como um paradigma e como rótulo de mais um dos ‘modismos’
comuns no âmbito escolar.
A falta de clareza na abordagem do tema torna-se
grave diante da demanda exigida pelos “órgãos legais, de que propostas
pedagogias explicitem “quais as competências e quais as habilidades” que os
estudantes precisam alcançar no término de uma série, de um ciclo ou de um
curso”. (MORETTO, 2013, p. 69).
O autor afirma que essa exigência piora ainda mais
quando a compreensão dos conceitos de competência e de habilidades não é
coerente ao que significa de fato, e explicita o aparecimento da seguinte
situação: “o que há alguns anos era chamado de objetivo geral transformou-se em competência e o que era chamado de objetivo específico transformou-se em habilidade”. (MORETTO, 2013, p. 69), essa situação acontece o tempo
todo, a confusão é generalizada e atrapalha as mudanças indispensáveis na
educação.
O senso comum, de acordo com Moretto (2013) fornece
o que o ator chama de ‘boa pista’ para analisar esse paradigma da educação para
o desenvolvimento-de-competências e afirma que a ênfase a palavra
‘desenvolvimento’ mostra que a competência não se alcança, desenvolve-se.
O conceito de competência adotado por Moretto
(2013) no texto se apóia nos estudos, de Guy Lê Boterf e de Philippe Perrenoud
que define a competência como “a capacidade do sujeito mobilizar recursos
visando abordar e envolver situações complexas”. (p. 70).
A partir desse conceito Moretto (2013) afirma que
essa é a base para esse paradigma de uma educação que propicia o
desenvolvimento de competências e não educação para o alcance de competências.
Considerando que um dos
atributos da competência envolve situações completas, Moretto (2013) analisa o
que é uma situação complexa a partir da definição de Edgar Morin do que é a
complexidade:
[...] a complexidade é um tecido
(complexus: o que é tecido junto) de constituintes heterogêneas inseparavelmente
associadas: ela coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Num segundo momento, a
complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações,
retroações, determinações, acasos, que constituem nosso mundo fenomênico
(MORIN, 2006, p. 13).
Em somatória a complexidade, Moretto (2013) lista
algumas características gerais de uma situação complexa, que segundo ele poder
ser:
[...] 1) um fenômeno da natureza,
um fato social, um acontecimento, um problema. 2) Supõe uma variedade de relações que precisam
ser consideradas para a análise e compreensão de um problema a ser solucionado 3)
Encerra o desafio de relacionar pontos de vista muitas vezes opostos, exigindo
escolhas para a solução do conflito. 4) Pode conter soluções ainda não
encontradas e que fujam dos paradigmas estabelecidos. 5) Exige do sujeito que
aprende um esforço de elaboração que envolve suas concepções prévias, suas
habilidades, sai visão de mundo, seus valores e sua ideologia. 6) As relações
entre os elementos da situação se apresentam em gradientes de dificuldades do
ponto de vista de quem aprende, estando em grau de dificuldade relacionado com
a estrutura cognitiva do sujeito. (MORETTO, 2013, p. 72).
A partir das definições das situações complexas, o
autor questiona as ações da escola diante disso, afinal, o mundo físico é cheio
de complexidade, e a escola faz o que diante das situações? Tal qual a ciência,
a escola segue o paradigma da simplificação, colocando fenômenos complexos e
dando a ele ar da simplicidade, mas do ponto de vista formal, embora a escola
rotule como simples, a complexidade se perpetua, e não importa como aparente,
ao compreender algumas partes, não significa que a totalidade tenha sido
compreendida, conforme dito, apenas partes.
O problema da complexidade no espaço escolar esta
relacionado as situações complexas vivenciadas pelos envolvidos diretamente no
sistema de ensino, pensando nisso, o autor revela a criação de um modelo
pedagógico com o objetivo de auxiliar a prática dos professores dentro de “um conjunto
de princípios fundamentados na perspectiva Epistemológica Construtivista Sociointeracionista, tendo
como foco a educação para o desenvolvimento-de-competência”. (p. 75).
O modelo pedagógico VM, segundo o autor se refere
ao “conjunto de cinco recursos fundamentais que o sujeito cognoscente deve
desenvolver para resolver com competência,
uma situação complexa”. (p. 76). Na ilustração a seguir é possível ver o esquema dos cinco recursos do
VM:
Ilustração 1. Esquema dos cinco
recursos do VM
Fonte: Adaptado de Moretto, 2013
O autor explica que o primeiro recurso “CC”, para
resolver uma situação complexa se refere aos Conteúdos Conceituais, que por sua
vez precisam ser compreendidos, neste caso, é necessário haja conhecimento de
“alguns conteúdos conceituais e das relações fundamentais entre eles”. (p. 78).
O autor defende que o primeiro passo a ser dado, é o do professor, que deve
conhecer a si mesmo e posteriormente, conhecer os alunos, esse reconhecimento
se expande para a área psicológica e social.
Esse conhecimento é importante para que haja
compreensão da integralidade desse processo, ainda mais considerando esta
amplitude, como enfatiza o autor, é necessário ter esse conhecimento
psicológica e social, para só então lidar com a “diversidade de temperamentos,
personalidades, valores sociais, formas de aprendizagem etc. Conhecer,
conceitualmente os fundamentos psicossociais”. (p. 78).
O 2º recurso do modelo pedagógico VM
se refere ao H, apontado pelo autor como representante do ‘desenvolvimento de
habilidades’, o termo habilidade, pode ser associada a múltiplas definições,
todavia, “no senso comum, habilidade é a capacidade que alguém desenvolveu para
fazer alguma atividade específica” (p.80).
Conforme esclarece Moretto (2013),
para que haja uma melhor compreensão do que seria ‘habilidade’, é necessário
analisar um exemplo de metáfora relacionada, como a metáfora da transferência,
melhor representada pela ilustração a seguir:
Ilustração 2. Esquema de representação de
situação de transferência de conhecimento:
Fonte: Adaptado de Moretto, 2013.
Conforme disposto acima é possível notar que de acordo com a metáfora da
transferência, uma vez que descobertas as igualdades, aplica-se no contexto de
uso, os procedimentos aprendidos no contexto de gênese, essa é a ideia central
nessa metáfora.
A linguagem “L” é o 3º recurso do modelo pedagógico
VM, sabe-se que a resolução de situações complexas exige uma linguagem própria,
que conforme estabelece o autor “adequada aos conteúdos conceituais a ela
relacionados”. (p. 86).
No que se refere a linguagem do professor, a
linguagem é fundamental visto que é o instrumento pelo qual media o ensino para
o aluno através da expressão oral e escrita.
O 4º recurso, “VC”, representa os valores
culturais, também um importante atributo para resolução de situações complexas
já que a contextualização fornece sentido ao relacionar-se com o
conhecimento.
Conforme corrobora Moretto
(2013, p. 92) o “contexto normalmente está relacionado aos valores culturais.
Nos valores culturais estão a ética, a moral, o projeto de sociedade, as
representações, a linguagem, entre outros”.
A administração do emocional “A.E” é o quinto e
último recurso, e conforme explica o autor (p. 95) uma expressão comum pode
explicitar melhor essa situação quando exemplifica: “o sujeito perdeu a cabeça
e por isso perdeu o jogo”. Esse último e não menos importante recurso é
considerado pó Moretto (2013) como um dos pilares da competência profissional,
pois ao falhar, o professor compromete o ensino e, portanto, a aprendizagem do
aluno.
Moretto (2013) explica que é comum ouvir os alunos
lamentarem ao fracassar nas provas, mesmo tendo se preparado de acordo com
parte dos recursos pedagógicos VM, senão pela maior parte, contudo o
desenvolvimento precário do recurso da “administração do emocional “A.E” é
capaz de danificar todos os outros.
Mas professor, eu sei toda a
matéria (CC), fiz todos os exercícios do livro (H), domino a linguagem deste
assunto (L), respeito os valores culturais e sei relacioná-los ao assunto
estudado (VC), só que na hora da prova fiquei nervoso e deu branco. (p. 95).
Dessa forma, notou-se que embora o aluno houvesse
percorrido quatro dos recursos VM, a ausência do AE comprometeu o resultado
final, pois o aluno perdeu o controle emocional.
A partir dessas considerações vale destacar que é
necessário haver integralidade entre todos os recursos pedagógicos VM, pois
cada um complementa o outro e na ausência de um, o outro será danificado, o
aproveitamento do aluno bem como os resultados não serão atingidos como
esperado.
Esse estudo trouxe contribuições
significas a aprendizagem, principalmente no que se refere a desconstrução do
paradigma (seja novo ou seja velho) de ensinar a partir das competências e
habilidades.
RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO,
Barreto Valdineia. O Modelo Pedagógico
VM para o desenvolvimento-de-competências segundo Vasco Moretto. Rondônia: Universo Pedagogia, 2014. Disponível
em: < http://www.universopedagogia.com/2014/12/o-modelo-pedagogico-vm-para-o.html>
MORETTO,
Vasco Pedro. Planejamento:
planejando a educação para o desenvolvimento das competências. Petrópolis:
Vozes, 2013.
MORIN,
Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006.
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