O Diário de Notícias faz referência ao aumento de processos disciplinares instaurados a alunos durante o ano lectivo que ora finda. O Ministério da Educação, com o humor que o caracteriza, atribui esse crescimento a “uma maior atenção e rigor das escolas relativamente a este fenómenos”, afirmação difícil de perceber, mas que se pode traduzir por qualquer coisa como: antes de nós, aquela gentinha que trabalha nas escolas andava distraída; com a nossa liderança, passaram a distinguir, finalmente, um acto de indisciplina de um poste de iluminação. Perceberam? Não é um problema de aumento de indisciplina, mas de reposição de dioptrias. Havia casos em que o aluno estava a partir uma cadeira e o professor pensava que o rapaz estava a mudar o mobiliário.
Albino Almeida, presidente da CONFAP, acorre, também, pressuroso, e atribui o mesmo facto ao número de alunos e diversidade de origens culturais, sempre baseado em estudos de tal modo abundantes que indicar um único título seria ocioso. O douto senhor acrescenta, ainda, que, “num universo de cerca de 1,6 milhões de alunos, o número de processos é o “esperado”.” Esperado, de acordo com estudos, depreende-se. Talvez seja, até, inaceitável que o número de processos disciplinares desça, não vá a Europa franzir o sobrolho.
No mesmo dia, o editorial faz referência ao tema, mas tendo sempre o cuidado de chamar a atenção para o facto de se tratar de um fenómeno residual: “No ano passado foram abertos 17 629 processos disciplinares a alunos, ou seja, pouco mais de 1% da população escolar.” e ”De acordo com o relatório da Escola Segura relativo a 2008/2009, 92% das escolas não reportaram qualquer incidente. Este indicador permite, assim, concluir que a indisciplina é um fenómeno localizado e circunscrito num número minoritário de escolas e não um problema global.” Ou seja, quase nem valia a pena estar a gastar papel com um fenómeno que, no fundo, quase não existe.
Também disponível em: http://osdiasdopisco.wordpress.com/2010/08/10/indisciplina_na_escol/
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