Já tenho ouvido muitos relatos sobre o Ensino noutros países. Já ouvi testemunhos directos de pessoas que o viveram; já li artigos em jornais e revistas; já vi documentários na televisão. Ouvi uma professora que deu aulas 20 anos no Canadá dizer que os alunos não necessitavam de comprar qualquer material porque a escola fornecia tudo e lembrei-me do escândalo que é o negócio dos manuais escolares entre nós; ouvia-a também dizer que lá as salas de aulas são grandes e têm espaços diferenciados para permitir a coexistência de actividades variadas adequadas à diversidade dos alunos e lembrei-me do nosso ensino massificador; vi um documentário sobre o Ensino na Suiça em que me impressionou a importância dada ao envolvimento dos pais no processo educativo e na vida escolar dos alunos e lembrei-me de que há pais que nem sabem o que os seus filhos andam a aprender nas nossas escolas; vi outro documentário sobre uma escola num país africano onde, por falta de meios, os alunos se sentavam no chão de terra batida e ali rabiscavam as letras e lembrei-me de nos queixarmos da falta de meios...
Estes relatos fazem-nos corar de vergonha. Assim como eu os vi e ouvi, mero cidadão, também aqueles que gerem o nosso ensino os devem ter visto e ouvido. Porque têm obrigação disso por inerência dos seus cargos conhecem de certeza por esse mundo fora bons exemplos e casos de sucesso com provas dadas. Estão à espera de quê para os implementar? Porque se põem a inventar então? Hoje submeto à vossa leitura um texto que li já há algum tempo não sei bem onde sobre o ensino na Alemanha. Não me pronuncio a favor ou contra mas gostava que servisse para tomarmos consciência que existem alternativas ao actual sistema que, todos estamos de acordo, é caduco.
Sou professor de português, na Alemanha. Conheço por dentro todo o sistema. Näo é maravilhoso, longe disso, mas os resultados estão um "pouco" acima dos das escolas portuguesas. Deixo aqui um resumo muito curto de como funciona:
Primário - 4 anos.
Secundário - os alunos saem da escola primária e são encaminhados para três níveis de escola:
1. Nível geral (9 anos) - dá acesso a escolas profissionais para profissões manuais (operários, agricultores, carpinteiros, canalizadores, etc...)
2. Nível médio (10 anos) - dá acesso a escolas profissionais de serviços, informática, electrotecnia, saúde (enfermeiros), bancários, secretariado...
3. Liceus (13 anos) - acesso às universidades.
Nota: Estes níveis näo são estanques. Ao longo do percurso, os alunos podem mudar de nível, se provarem as suas capacidades.
Secundário - os alunos saem da escola primária e são encaminhados para três níveis de escola:
1. Nível geral (9 anos) - dá acesso a escolas profissionais para profissões manuais (operários, agricultores, carpinteiros, canalizadores, etc...)
2. Nível médio (10 anos) - dá acesso a escolas profissionais de serviços, informática, electrotecnia, saúde (enfermeiros), bancários, secretariado...
3. Liceus (13 anos) - acesso às universidades.
Nota: Estes níveis näo são estanques. Ao longo do percurso, os alunos podem mudar de nível, se provarem as suas capacidades.
As escolas escolhem os alunos; só as de nível geral têm de aceitar os alunos do bairro ou da freguesia (são às vezes o "caixote do lixo", mas é preferível assumir a desigualdade a tapá-la ou a construir um sociedade de caranguejos que num balde puxam os que querem trepar).
As escolas privadas concorrem com as públicas: as escolas são pagas pelo número de alunos e recebem prémios de competência dentro de cada nível.
As escolas têm um director nomeado pelo governo.
Os professores são escolhidos pelas próprias escolas; o governo não organiza concursos.
Não há um Ministério da Educação em Berlim, no governo federal; são os Estados que têm o pelouro da Educação.
Os professores dão 28 horas lectivas por semana até aos 50 anos e 27 depois dos 50 até aos 65 anos.
O ano lectivo começou no dia 30 de Agosto de 2004 e termina no dia 22 de Julho de 2005; nestes últimos meses têm estado temperaturas de 35 graus, mas todos trabalhamos!
Observações:
Tenho alunos portugueses, filhos de operários, pedreiros e varredores de rua que frequentam o Liceu; dois frequentam o melhor liceu do Estado da Renânia-Palatinado que é privado - não pagam um centavo!
As criancas säo incentivadas a trabalhar desde a 1ª classe porque sabem que só com bons resultados podem aceder aos níveis superiores;
Este sistema, que já existe desde Bismark, foi aperfeiçoado pela Democracia Cristã de Adenauer.
Quando a esquerda chegou ao poder criou o ensino unificado, que existe a par deste sistema. Estas escolas são acarinhadas pelos Verdes e alguns do SPD. Os alunos de nível médio e alto destas escolas deixam muito a desejar face à média.
Conclusão:
Na Alemanha todos os sistemas são acolhidos, não há um sistema único (se bem que a esquerda queira acabar com os liceus e as escolas de nível médio que às vezes ão melhores que os próprios liceus). Deixa-se liberdade à sociedade civil para optar, escolher, gerir o sistema.
E A ALEMANHA NÃO É UM PAÍS LIBERAL!
Eu não gostaria que em Portugal o liberalismo fosse implementado com todas as suas doutrinas; mas era tão bom que deixasse de ser a Albânia!!!
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